Saúde

Afinal tomar a pílula e cruzar as pernas provocam varizes?

A especialista em cirurgia vascular e flebologia Joana Carvalho explica à NiT tudo o que precisa de saber sobre esta patologia.
Tudo o que precisa para umas pernas de sonho.

Com a chegada do tempo mais ameno e dos dias ensolarados chega também a vontade de vestir calções, saias e vestidos, que permitam expor as pernas ao sol. Porém, esta exposição é também motivo de algumas inseguranças.

Muitas mulheres têm manchas na pele das pernas, cicatrizes, derrames ou outro tipo de imperfeições em relação às quais não se sentem à vontade. Tal como a celulite e as estrias, também as varizes são uma dor de cabeça. Além do aspeto estético, num estado avançado podem ser dolorosas. 

As varizes são uma das manifestações da doença venosa crónica, uma patologia evolutiva que afeta as válvulas das veias das pernas. “No fundo, são vasos dilatados que resultam do mau funcionamento das válvulas, cuja função é prevenir o refluxo do sangue causado pela gravidade. Quando isso não acontece, o sangue não flui corretamente e regressa ao coração com mais dificuldade”, explica à NiT a especialista em cirurgia vascular e flebologia Joana Carvalho.

Mitos e verdades

Há quem acredite que calçar saltos altos com frequência, fazer a depilação ou praticar exercício físico podem contribuir para o aparecimento de varizes. E os mitos não se ficam por aqui. “A toma da pílula, ou o simples cruzar de pernas também aumenta a probabilidade de vir a desenvolver doença venosa” são outras das crenças. No seu livro “Pernas lindas”, lançado no passado dia 21 de abril, Joana Carvalho explica que estas afirmações não são verdadeiras.

A médica especialista nesta área afirma que “o uso de saltos por si só, não causam esta patologia”. E os anticoncecionais também não são considerados um fator de risco “para o desenvolvimento de veias doentes”. Já a prática de exercício físico, segundo a médica “é altamente benéfica e recomendada”.

Em relação ao cruzar de pernas, Joana Carvalho explica que “para comprimir os vasos localizados atrás do joelho, de modo a comprometer a normal drenagem venosa, teríamos de exercer uma força muito grande ao cruzar uma perna sobre a outra e durante um longo período de tempo”. O mesmo acontece com a depilação a cera: “o calor a que expomos as pernas durante a depilação é temporário e muito limitado. Tal não se revela suficiente para provocar varizes”. A autora sublinha ainda que “o próprio processo mecânico também não as vai puxar ‘para fora’ como tantas mulheres pensam”.

O aparecimento desta doença pode acontecer por vários motivos. Algumas têm a ver com a genética, o excesso de peso, o sedentarismo ou a exposição ao calor. Ficar demasiado tempo em pé também não ajuda à prevenção. Além disso, o próprio processo de envelhecimento tende a agravar o problema. 

Os sintomas que não deixam dúvidas e que exigem medidas incluem a sensação de pernas cansadas e pesadas, os pés e tornozelos inchados, a dor e dormências nas pernas e ascãibras noturnas.

A boa notícia é que existem vários tratamentos. A especialista em flebologia diz à NiT que “atualmente procuramos métodos minimamente invasivos. Antigamente precisavam de uma ida ao bloco operatório, com anestesia geral. Hoje em dia conseguimos fazer os procedimentos através de métodos endovenosos. Em vez de remover as veias, vamos por dentro dos vasos e fechamo-los. Existem uma panóplia de dispositivos que nos permitem eliminar as varizes sem as retirar e que recorre apenas a anestesia local. Os que mais uso são o laser, a radiofrequência, a escleroterapia e o método CLaCS que utiliza o laser a secagem no mesmo tratamento”.

Lipedema: uma doença ignorada

Nas páginas da obra editada pela Contraponto, Joana de Carvalho chama à atenção para uma doença muito comum e que é muitas vezes ignorada, subestimada e mal diagnosticada. O lipedema “caracteriza-se por um acumulação desproporcional de gordura nas extremidades, mais frequentemente nos membros inferiores, podendo também atingir os membros superiores em cerca de 30 por cento dos casos, poupando sempre as mãos e pés”, indica no seu livro. Esta patologia é muito notória “em mulheres que conseguem emagrecer muito no tronco, mas nos membros inferiores não”. 

Segundo a especialista em cirurgia vascular “é altamente negligenciado porque é facilmente considerada obesidade ou constituição familiar. Mas não. É uma doença, causa dor e muita frustração, mexe com a autoestima das mulheres e limita a sua qualidade de vida”, conta à NiT.

Existem tratamentos e podem ser não invasivos. “Existem várias medidas que podem ser adotadas para melhorar não só a parte estética, mas principalmente as queixas de dor e desconforto”. Baseiam-se sobretudo no exercício físico e numa alimentação equilibrada, preferindo alimentos não inflamatórios. Porém, a médica alerta que isto só é possível com dedicação e perseverança da paciente”.

O livro de Joana de Carvalho já está à venda e custa 15,50€.

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