Saúde

Alérgicos, preparem-se. “Espera-se uma primavera difícil”, alertam os especialistas

Já começou a espirrar e tem os olhos secos e vermelhos? Saiba que este ano o cenário será pior que o habitual.
Os pólens vão voltar, em força.

Muitos portugueses receberam a primavera e os dias de sol com alegria. Porém, para muitos outros tantos é como se tivesse começado um pesadelo. O motivo? As alergias voltaram em força — e os especialistas preveem que o cenário vai piorar próximas semanas.

Os espirros, a tosse, o prurido, as irritações cutâneas, a dor no peito, a fadiga, a apatia e as insónias que provoca são velhos conhecidos para quem esta patologia já não é novidade. Mas, afinal, o que são, em concreto, as alergias? “São consideradas uma resposta de defesa inadequada por parte do sistema imunitário uma vez exposto aos agentes alergénicos, muitas vezes causados pelo tempo quente e seco”. Os mais comuns em Portugal, nesta altura do ano são, segundo João Gaspar Marques, imunoalergologista da Sociedade Portuguesa de Alergologia e Imunologia Clínica, os pólenes.

Se costuma sofrer sempre que a primavera chega, saiba que este ano esta estação poderá ser (ainda) pior. “Nos anos em que temos um inverno mais chuvoso, como aconteceu nos últimos meses, os níveis polínicos aumentam”, avança o especialista em imunoalergologia.

“Sabemos que sempre que temos uma estação fria com mais chuva isso depois facilita o crescimento e a germinação das plantas que provocam alergias. Por isso, é expectável que, dado o inverno chuvoso, as plantas estejam mais vigorosas e que polonizem de forma mais intensa”, alerta o especialista.

Quais são os pólens mais comuns?

Os que mais causam alergias em Portugal são o das gramíneas, das parietárias e depois o da oliveira. E, é precisamente na primavera que estes existem em maior concentração na atmosfera. É que os pólenes vão variando consoante a estação e os meses do ano: por exemplo, nesta altura ainda existem de cipreste, que são frequentes de dezembro a março.

“O que nos vai preocupar agora são os pólenes de gramíneas, das parietárias, da oliveira. O do plátano, que dá habitualmente aquele algodão, também vai aumentando nesta altura do ano, apesar de não ser um dos mais preocupantes”, sublinha João Gaspar.

Como pode prevenir os sintomas

“O principal cuidado é fazer uma consulta de alergologia para saber a que substâncias são mesmo alérgicos”, realça o imunologista. Se o paciente tiver este conhecimento consegue perceber qual é a altura mais difícil do ano, nomeadamente através da consulta do Boletim Polínico, um serviço gratuito da Rede Portuguesa de Aerobiologia da Sociedade Portuguesa de Alergologia e Imunologia Clínica.

Este serviço esteve em standby nas últimas semanas, “por causa de uns problemas informáticos”, que se esperam ver resolvidos nos próximos dias. A consulta do boletim permite perceber quais os níveis de pólens mais ativos durante a semana em análise.

Depois pode sempre tomar algumas medidas como evitar “realizar atividades ao ar livre quando as concentrações polínicas são elevadas. Passeios no jardim, cortar a relva, campismo ou a prática de desporto na rua, irão aumentar a exposição aos pólenes.”

Outras medidas preventivas recomendadas incluem “fechar as janelas do carro durante as viagens, o que ajuda a reduzir significativamente o contacto com os pólenes. E em alternativa pode ligar o ar condicionado, porque tem um filtro de partículas que não permite a entrada destes agentes alergénicos”, explica João Gaspar.

Também deve “usar óculos de sol e um chapéu para manter o pólen afastado dos olhos e cabelo quando está ao ar livre — e, depois, logo que possível, tomar um banho“. Em casa, os conselhos são para que mantenham as janelas fechadas o máximo de tempo possível durante os períodos em que as concentrações de polénes são mais elevadas. E pode até utilizar um purificador do ar.

Nos dias mais quentes e secos, para combater as irritações nas mucosas é importante manter a hidratação e utilizar “soro ou água do mar para lavar as zonas mais críticas: olhos, boca e nariz”.

No caso dos locais com ar condicionado, “apesar de serem perfeitos para combater o calor que se faz sentir, a taxa de humidade dos espaços climatizados é baixa, por isso, é importante beber mais água e hidratar também as mucosas“. Um exemplo: após algum tempo num ambiente com ar condicionado, como acontece em muitos locais de trabalho, é comum começar a sentir os olhos secos (e até dores de cabeça, como consequência). Significa que precisam de ser hidratados. Idealmente com umas gotas de soro fisiológico, ou mesmo passar os olhos por água, se não tiver outra alternativa.

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