Saúde

Ana foi mãe aos 68 anos: “Nunca mais estarei sozinha. Voltei a viver”

A atriz espanhola Ana Oberón perdeu o filho biológico há dois anos. A nova bebé terá sido concebida para a ajudar a lidar com a dor.
Ana García Obregón tem 68 anos.

Ana Obregón foi mãe aos 68 anos. “Nunca mais estarei sozinha. Voltei a viver”, escreveu esta quarta-feira, 29 de março, no Instagram. A atriz espanhola perdeu o filho Alejandro Lecquio García em 2020. Agora recorreu a uma barriga de aluguer para conceber a avó que herdou o nome da mãe e da avó, que morreu no ano passado.

Quando a imagem da apresentadora a sair do hospital, com a filha bebé nos braços, foi partilhada na capa da revista “Hola!”, os espanhóis levantaram as sobrancelhas. E há vários para isso. Nas redes sociais surgiram comentários sobre a idade da atriz, outros que referiam a proibição deste método de conceção naquele país e alguns que comentavam o facto de parecer uma tentativa de substituição.

Alejandro Lecquio morreu em 2020, depois de vários meses a lutar contra um sarcoma de Ewing. A morte de um filho é especialmente dolorosa — seja qual for a sua idade — com um impacto muito negativo no bem-estar da família e, em particular, dos pais. A psicóloga Rute Agulhas sublinha à NiT que “a dor de cada um dos não deve ser comparada — é algo incomparável e os pais podem vivenciar e expressá-la de modo diferente.”

Os sentimentos envolvidos num processo de luto são universais e, ao mesmo tempo, únicos a cada pessoa. “Não existe uma receita para se lidar com esta situação”, indica a especialista. No entanto destaca que é um processo demorado, sem duração determinada à partida. “Os pais devem permitir-se viver as várias fases desse processo sem pressa e sem comparações com outras pessoas”.

De acordo com a publicação espanhola, a bebé terá nascido a 20 de março e apenas as irmãs de Ana Obregón e Alessandro Lecquio, pai do filho falecido, sabiam que a atriz tinha iniciado o processo de gestação de substituição. A “Hola!” adianta ainda que a mulher que levou a cabo a gestação engravidou em junho de 2022, o mês em que Alejandro completaria 30 anos.

No entanto, sobre a ideia comum de que um filho pode substituir outro, Rute Agulhas acredita que “é expectável que muitos pais avancem para uma nova tentativa, mas isso não significa que estejam a procurar um substituto para o que perderam. Podem estar só a tentar ser pais.”

E acrescenta: “É preciso dar tempo para um processo de luto e jamais olhar para um filho como substituto de outro.”

Em relação à idade Ana Obregón, a especialista em psicologia realça que a questão é “relevante”. “É importante perceber a rede de suporte desta família. Ou seja, se outros cuidadores estão disponíveis, de modo a assegurar todas as necessidades desta criança à medida que for crescendo e a mãe for, naturalmente, envelhecendo.”

Uma forma pouco comum de ser mãe

O caso reacendeu o debate sobre a gestação de substituição em Espanha. Neste contexto, Irene Montero, ministra da Igualdade, relembra que a gestação de substituição em Espanha é considerada, à luz da nova lei de direitos sexuais e direitos reprodutivos, “uma forma de violência contra as mulheres”, uma prática que amplifica a “discriminação por pobreza” das mulheres que são barrigas de aluguer.

“Nunca se esqueçam das mulheres que estão por trás, existe um claro preconceito de discriminação devido à pobreza. Não se esqueçam que é uma prática que não é legal em Espanha, que é reconhecida no nosso país como uma forma de violência contra as mulheres”, declarou Irene Montero, perante o Congresso, citada pelo diário “El Mundo”.

Nos Estados Unidos, as leis relacionadas com a gestação de substituição variam conforme os estados. Porém, este é o país que faz gestações de substituição há mais tempo — para sermos mais precisos, desde a década de 1980. De acordo com o jornal espanhol “El País”, o procedimento pode custar entre 110 mil e 185 mil euros e várias celebridades, como Cristiano Ronaldo, optaram por realizar o procedimento naquele país, uma vez que a legislação é mais permissiva.

Segundo o site Surrogate, que se dedica a estes procedimentos, existem seis agências em Miami especializadas em gestação de substituição, prestando apoio tanto aos pais que pretendem ter um bebé através de uma “barriga de aluguer” como às eventuais grávidas, sendo necessário que ambas as partes sejam acompanhadas por um advogado durante todo o processo.

Em Portugal, a lei da gestação de substituição foi promulgada por Marcelo Rebelo de Sousa a 29 de novembro de 2021 e publicada em Diário da República a 16 de dezembro desse ano, tendo entrado em vigor a 1 de janeiro de 2022.

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