Cães e gatos aparentemente saudáveis podem estar a servir de veículo de transmissão de bactérias multirresistentes aos seus donos. É esta a conclusão de um recente estudo de uma universidade alemã, que frisa que a propagação em sentido inverso poderá também acontecer.
Os dados do estudo do hospital Charité em Berlim foram apresentados esta semana num congresso sobre microbiologia e doenças infecciosas. Embora apontem para uma probabilidade baixa da ocorrência de infeções cruzadas, elas podem efetivamente ocorrer.
“A nossa investigação verifica que a partilha de organismos multirresistentes entre animais de companhia e os seus donos é possível”, frisou Carolin Hackmann, líder do estudo, citada pelo “The Guardian”. A perigosidade destes organismos resistentes a antibióticos tem-se revelado cada vez mais uma preocupação.
Estima-se que estes organismos multirresistentes possam estar na origem de mais de um milhão de mortes. Só em 2019, poderão estar ligados a cerca de cinco milhões de óbitos.
Para chegar a esta conclusão, o estudo analisou amostras de 2891 pacientes hospitalizados, ao mesmo tempo que analisou também amostras dos seus respetivos animais de estimação. Os resultados identificaram os tipos de bactérias presentes e encontraram sinais de organismos multirresistentes em 30 por cento dos casos.
O mesmo sucedeu nos animais, embora em percentagens menos elevadas. Onze por cento nos cães e nove por cento nos gatos, que deram positivo para a presença destes organismos. Pelo menos quatro casos identificados revelaram a existência do mesmo microorganismo em animais e donos.
“Apesar do nível de coincidência entre pacientes hospitalares e animais de estimação ser muito baixo, é um facto que os seres que transportam estas bactérias podem libertá-las no seu meio ambiente durante meses e podem ser uma fonte de infeção para pessoas mais vulneráveis, sobretudo os que têm um sistema imunitário mais fraco, bem como aos mais jovens e aos mais idosos.”