Aos 12 anos, o neerlandês Gert-Jan Oskam não imaginava que a sua vida poderia mudar drasticamente, de um dia para o outro. Andava livremente de bicicleta quando teve um acidente que o deixou paraplégico. Agora, 28 anos depois, parece estar a caminho de se tornar num dos poucos paraplégicos que voltaram a andar graças aos avanços científicos.
Em 2022 fez uma cirurgia onde lhe foram implantados de elétrodos no cérebro e na medula espinal. A operação realizada no Hospital Universitário de Lausanne, na Suíça, foi liderada pela neurocirurgiã Jocelyne Bloch. O caso foi agora partilhado na revista científica “Nature” e trouxe esperança a muitas outras pessoas que se encontram na mesma situação de Oskam.
Graças aos implantes, os neurocientistas conseguiram restabelecer a comunicação outrora perdida entre o cérebro e a medula espinal. O primeiro dispositivo foi colocado na zona do cérebro que é responsável pelos movimentos das pernas. Este consegue descodificar os sinais elétricos gerados quando pensamos em andar. Já a medula espinal, onde foi inserido o outro, consegue controlar as pernas.
Segundo o que os neurocientistas que ajudaram Blocj explicam à “Sky News”, a tecnologia “transforma o pensamento em ação”. Tudo o que o neerlandês teve de fazer foi pensar em andar e, pouco depois, assim o fez. O caminho para a recuperação, porém, ainda é longo e requer muita fisioterapia. Atualmente, Oskam, de 40 anos, já se consegue levantar, dar alguns passos e subir degraus.
📯 Brain Computer Interface (BCI) enables thought-controlled walking after spinal cord injury.@unil @EPFL @CEA_Officiel
Press release : https://t.co/CTK6nGG2xY pic.twitter.com/eldurmKWCZ
— CHUV / Centre hospitalier universitaire vaudois (@CHUVLausanne) May 24, 2023
Sente-se como “um bebé que está a aprender a andar novamente”, descreve. Acima de tudo, voltou a ter o “simples prazer de estar de pé” num bar, com amigos, enquanto se diverte.
O caso de Gert-Jan Oskam não é o primeiro de paraplégicos que voltaram a andar graças a estes elétrodos. Em fevereiro do ano passado, foram divulgados casos de outros pacientes implantados com elétrodos no âmbito do projeto de Jocelyne Bloch. Um deles foi Michel Rocatti, que teve um acidente de mota. Após cinco meses de treino e fisioterapia, já saía de casa sozinho para ir ao café (sempre com um andarilho atrás). “Quando uso o aparelho, sinto-me melhor, mais forte, e as dores associadas ao uso da cadeira de rodas desaparecem”, contou ao “El País”.
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