Saúde

Afinal, o baby led weaning é perigoso ou não?

São vários os pais que aderiram à moda de dar aos bebés a liberdade de comerem sozinhos alimentos sólidos a partir dos seis meses, em vez das típicas sopas e papas. A NiT falou com a pediatra Ana Tavares para perceber as vantagens e desvantagens desta prática.

O baby led weaning, também conhecido como desmame conduzido pelo bebé, defende que os bebés devem começar a comer alimentos sólidos inteiros a partir dos seis meses de idade. E não, não é com a ajuda dos pais — os alimentos são manipulados unicamente pela criança. A moda, claro, nasceu nos países mais desenvolvidos e não tem qualquer base científica ou fundamento. Porém, e tal como todas as modas, pegou.

Esta prática é vista como um complemento à alimentação diária, uma vez que deve ser adotada durante a amamentação.

“Aos seis meses a função renal e a capacidade digestiva da criança é mais madura”, começa por explicar à NiT Ana Tavares, pediatra no Hospital de Cascais. Isto quer dizer que, supostamente, também há uma evolução na capacidade do bebé na manipulação de objetos e até mesmo na oralidade. “E isto pode permitir a mastigação de sólidos.”

No entanto, tradicionalmente, a introdução de alimentos com uma maior textura é feita de forma gradual. Isto é, começa-se com as sopas e as papas, segue-se a comida esmagada e só aos oito ou nove meses é que são introduzidos alimentos aos pedaços.

Mas, e é um grande mas, deve ter muita atenção ao tamanho da comida. “Os alimentos devem ser envolvidos pela mão da criança, ficando com as extremidades dos pedaços à vista”.

“Os médicos têm receio de que os bebés não tenham capacidade física e vontade suficiente para satisfazerem as necessidades alimentares”.

O objetivo é que os bebés criem a sua própria dieta, que haja menos imposição da quantidade de comida dada pelos pais, que os mais pequenos estimulem as capacidades motoras e até que a criança tome as refeições ao mesmo tempo que a família, segundo a pediatra.

Contudo, “este método não é recomendado pelos médicos, nem pelos pediatras, como a única forma de introdução dos alimentos”.

Mas afinal, quais são os riscos desta prática para os bebés?

Durante a gravidez, e o período de amamentação, as mães proporcionam uma enorme quantidade de ferro. No entanto, no baby led weaning, são usados sobretudo vegetais e frutas — alimentos pobres neste micromineral. E esta diferença pode causar ferropénia, isto é, falta de ferro.

“Este problema pode ser contornado se os pais também oferecerem carne em pedaços aos filhos”, diz a pediatra. Porém, a maior parte dos pais tem medo de que os bebés se engasguem.

E esse é outro dos grandes perigos — o engasgamento. O problema de variar os alimentos é o aumento do risco de asfixia que, segundo Ana Tavares, pode acontecer facilmente. Para isso não acontecer, deve estar sempre um adulto ao pé da criança e que garanta que esta está sentada direita e não inclinada para trás.

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