O café é a bebida mais consumida no mundo, depois da água. E, por isso mesmo, é também uma das mais estudadas, sendo que a maioria das investigações analisa precisamente as vantagens de bebermos café diariamente.
Se precisasse de mais motivos para pedir uma bica ou cimbalino, um estudo publicado esta quarta-feira, 15 de março, na “British Medical Journal” revelou mais um: beber café pode ajudar a reduzir o risco de desenvolver diabetes tipo 2. São boas notícias para os portugueses, ou não fosse o consumo desta bebida um dos hábitos sociais e culturais do nosso País.
O tipo 2 representa 90 por cento dos casos de diabetes m todo o mundo (quase 400 milhões de adultos). É uma condição adquirida que resulta do estilo de vida aliado a causas genéticas. Alterando os hábitos alimentares é possível prevenir ou retardar o seu desenvolvimento e as complicações que vão aparecendo na sequência do diagnóstico.
Segundo a pesquisa realizada por investigadores do Instituto de Medicina Ambiental da Universidade de Estocolmo, na Suécia, maiores concentrações de cafeína no organismo estão associadas a um menor índice de massa corporal e massa gorda, e ainda diminui a probabilidade de vir a ter diabetes tipo 2.
O estudo procurou entender os efeitos a longo prazo das concentrações de cafeína no sangue, na adiposidade, diabetes tipo 2 e principais doenças cardiovasculares, a partir das análises do índice de massa corporal total, diabetes tipo 2, doença cardíaca isquémica, fibrilação atrial, insuficiência cardíaca e acidentes cardiovasculares.
Para o efeito usaram uma técnica estatística chamada randomização mendeliana para avaliar os efeitos da substância no sangue, no peso e em relação ao risco de desenvolver diabetes tipo 2 em aproximadamente 10 mil pessoas. E a partir daí conseguiram descobrir a ação de duas variantes genéticas comuns dos genes CYP1A2 e AHR — associados à velocidade do metabolismo da cafeína no corpo.
Os dados obtidos indicam que aproximadamente metade do efeito da cafeína na diabetes tipo 2 é mediado pela redução do índice de massa corporal, embora os investigadores tenham salientado a importância de realizar estudos clínicos de longo prazo.
Pesquisas anteriores já tinham mostrado que a ingestão de cafeína tem como resultado uma redução de peso e da massa gorda e que o consumo de café estava relacionado com um menor risco de doenças cardiovasculares.