O grupo de cientistas na Alemanha afirma ter desvendado a causa dos raros coágulos sanguíneos ligados à vacina AstraZeneca e a da Johnson & Johnson contra a Covid-19. Segundo o “Financial Times”, Rolf Marschalek, professor do Instituto Goethe em Frankfurt, que conduz estudos sobre a doença rara desde março, acredita que a pesquisa identificou a causa do problema. A parte mais importante é que há solução.
Num artigo divulgado online a 26 de maio, que ainda não foi avaliado pelos pares, Rolf Marschalek explica que está tudo na forma do próprio adenovírus modificado que é usado. Os adenovírus que foram alterados para estas vacinas “transportam” o vírus sem causar a doença, levando informação do material genético do Sars-CoV-2. Isto leva as células do nosso corpo a produzirem as chamadas espículas (os espinhos do Sars-CoV-2). Esta reação serve de treino ao nosso sistema imunitário, para que possa responder ao vírus em caso de infeção.
A correção a fazer é no mecanismo usado. Uma vez dentro do núcleo da célula, certas partes do DNA da proteína da espícula são unidas ou separadas, criando versões mutantes. Em casos muito raros (estima-se que um em cada 100 mil), as proteínas mutantes podem desencadear coágulos sanguíneos.
Os primeiros casos de coágulos verificaram-se em março com a vacina da AstraZeneca e levaram mesmo a que fosse suspensa em vários países, incluindo Portugal. Foram identificados algumas dezenas de casos entre os primeiros milhões de vacinas administradas. Mas mesmo sendo raro, a reação era perigosa e, em alguns casos, provou ser letal.
Na altura, o Infarmed chegou a emitir um documento onde alertava para os sintomas que as pessoas deviam ter em conta. O regulador reforçava que se tratavam de casos muito raros, alertando para o risco de não ser vacinado. Mas admitia a gravidade: “Embora a possibilidade de aparecimento destes tipos de coágulos seja muito baixa, as pessoas vacinadas devem procurar imediatamente assistência médica, caso detetem, principalmente nas duas semanas após a inoculação da vacina, algum dos sintomas”, destacava na altura o Infarmed.