Saúde

Cirurgiões denunciam “mortes e mutilações” no Hospital Amadora-Sintra

Alegadamente, 22 doentes “morreram ou ficaram mutilados” por más práticas da equipa cirúrgica no ano passado. O caso está a ser investigado.
Os casos são relativos a 2022.

Dois cirurgiões da equipa do Hospital Amadora-Sintra denunciaram à Ordem dos Médicos que 22 doentes operados nesta unidade “morreram ou ficaram mutilados” por más práticas da equipa cirúrgica durante o ano passado. A notícia está a ser avançada pelo jornal “Expresso” desta sexta-feira, 13 de janeiro.

Em outubro foram denunciados 17 casos à direção clínica do hospital. Mais tarde, em novembro, foram reportados outros cinco. A denúncia à Ordem dos Médicos aconteceu em dezembro. Nesta nota enviada à entidade, um dos cirurgiões diz que “existem situações de prejuízo de vida e qualidade de vida graves, com mortalidade e mutilações desnecessárias, evitáveis, que resultam de uma prestação de cuidados ao doente cirúrgico que não coincide com a legis artis”.

A “legis artis” é o conjunto de regras, procedimentos e conhecimentos que um médico deve saber para poder exercer a sua profissão. Este denunciante frisa, contudo, que os casos não recaem sobre um “médico em particular”, mas incidem “numa situação sistémica”.

Noutra denúncia, um cirurgião aponta que há muitos outros casos, “embora de gravidade significativamente menor, de doentes ‘perdidos’ no serviço de cirurgia geral, avaliados por jovens médicos voluntariosos, mas inexperientes, que, embora estejam a dar o seu melhor, pouco ou nada são corrigidos ou orientados”.

A mortalidade não esperada não pode ser entendida como consequência óbvia do quadro clínico e uma fatalidade da responsabilidade do doente ou do equipamento utilizado, mas antes a consequência das opções de quem assume e define a estratégia em cada momento”, acrescenta ainda.

Um dos exemplos referidos é de um homem de 60 anos que foi operado ao baço sem ter indicação para a cirurgia programada e que morreu “exsanguinado, com perto de 15 transfusões”, logo a seguir à operação.

Outro paciente da mesma faixa etária foi submetido a uma operação ao pâncreas por causa de um tumor que, afinal, não existia. Esta situação motivou um “internamento prolongado, com complicações e nova cirurgia”. Há ainda um caso de um “doente que fez radioterapia e não tinha tumor”.

De acordo com o “Expresso”, a Ordem dos Médicos nomeou peritos independentes para investigarem os casos denunciados. Já a Inspeção-Geral das Atividades em Saúde (IGAS) abriu “um processo de natureza disciplinar para apurar os factos e aguarda resultados das investigações realizadas”, embora o inquérito preliminar não tenha concluído que tenha havido violações da legis artis.

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