O que têm em comum Kate Hudson, Jéssica Biel, Kristen Bell, Heidi Klum e Anne Hathaway, além de serem atrizes bastante conhecidas? Todas são mães e escolheram ser acompanhadas por doulas durante a gestação.
As selfies perfeitas, os bebés amorosos mascarados de animais no Instagram acompanhados pela hashtag #blessed, camuflam, muitas vezes, a verdadeira experiência do pós-parto. Após o nascimento do bebé, muitas mulheres são assoladas por emoções contraditórias: felicidade, alegria, mas também angústia, dúvidas, medo, frustração, ansiedade e cansaço. Quer sejam celebridades ou não. Porém, foram as responsáveis por lançarem uma nova moda, quando começaram a falar abertamente da forma como viveram esse período.
Nos últimos anos, tornou-se tendência procurar os serviços de doula quando se pensa em engravidar. Esta atividade não é recente, já existe há vários anos e, em 1979, o seu papel foi formalmente determinado nos Estados Unidos. Em Portugal ainda não é reconhecida como profissão e muitos são os mitos a ela associados.
“A doula essencialmente apoia, ouve, e dá confiança aos novos pais e, sem julgar, contribui para o seu empoderamento na procura de respostas e tomada de decisões”, explica à NiT Bárbara Yü Belo, doula de pré-conceção, gravidez e parto, desde 2005. Cabe-lhe partilhar informação que permitirá aos futuros pais tomarem decisões fundamentadas, não se limitando à disponibilizada pelos médicos e ajudando a desestigmatizar opções alternativas de parto. Durante o nascimento, providencia medidas de conforto, para que possa ser uma experiência o mais tranquila possível para a mãe e para o bebé. Depois, acompanha o processo de amamentação e esclarece dúvidas em relação aos cuidados com o recém-nascido.
Não confunda, porém, esta atividade com a medicina. “O trabalho da doula é de natureza não médica, e nesse sentido, não faz diagnósticos, nem exames, nem emite opiniões sobre as escolhas do casal”. Pode recorrer a práticas terapêuticas variadas, defender as escolhas das mães num hospital, mas nunca suplantar o papel de um médico ou enfermeiro. Trata-se uma colaboração e não de uma substituição. “O que começou por ser uma rivalidade muito grande, é agora um trabalho de equipa”, confessa Bárbara, recordando-se de um congresso no qual parecia haver uma batalha entre e profissionais de saúde.
Durante as consultas realizadas antes do parto, as doulas ensinam alguns exercícios que ajudam a grávida a preparar o corpo para o dia do parto, assim como, técnicas de respiração para auxiliar durante o desconforto das contrações. “Somos um elemento neutro com quem podem partilhar a experiência”, diz a também educadora menstrual e de fertilidade natural.
Num momento em que muitas grávidas se sentem desamparadas face aos encerramentos de muitas urgências obstétricas, aumenta o recurso a este tipo de acompanhamento e a alternativas aos partos tradicionais nos hospitais. “Muitas confessam-me que se sentem bombas-relógio”, revela. E acrecenta: “Não sabem onde ter o bebé e os partos domiciliários assistidos são cada vez mais procurados”.
Bárbara Yü Belo diz ser fundamental que exista um match entre a mulher, ou o casal, e a doula, e que, por isso, a escolha “deve ser consciente, nem que para isso seja necessário entrevistar e conhecer várias, até encontrar a tal”.