A conferência de imprensa sobre a evolução da Covid-19 em Portugal começou esta sexta-feira, 23 de outubro, mais tarde do que é habitual. Já passava das 19 horas quando a ministra da Saúde se dirigiu sozinha à conferência, começando por referir que “os próximos dias se anteveem complicados e com elevada pressão sobre o SNS”.
Estas declarações vêm no seguimento de uma semana em que se registaram recordes absolutos no número de casos confirmados no nosso País. O pior dia de sempre foi na quinta-feira, 22, com mais 3.270 infetados com a doença do novo coronavírus. Nessa mesma tarde, o governo decidiu em Conselho de Ministros a proibição de circulação entre concelhos do território continental a partir da meia-noite de 30 de outubro e até à meia-noite de 3 de novembro.
19.700 camas para responder à pandemia
Assim, as preocupações sobre a elevada pressão no Sistema Nacional de Saúde acabaram por ser mesmo o foco na conferência de imprensa desta sexta-feira. Marta Temido informou que existem 21 mil camas de hospital que se dividem em “várias tipologias, nomeadamente médico-cirúrgicas, camas de cuidados intensivos e camas de cuidados intermédios, entre outras”, afirmando que o número disponível é “dinâmico e relativamente flexível”.
No entanto, apenas 19.700 dessas camas podem ser consideradas para dar resposta à pandemia, uma vez que o número total inclui camas de hospitais especializados, como hospitais psiquiátricos ou institutos de oncologia. Das camas disponíveis para responder à Covid-19, 34 por cento estão no Norte do País, 21 por cento na região Centro, 36 por cento em Lisboa e Vale do Tejo, cinco por cento no Algarve e apenas quatro por cento no Alentejo.
Para picos de afluência, Marta Temido revela que apenas 17.700 camas são consideradas, tratando-se estas de enfermaria médico-cirúrgica, uma vez que algumas das outras têm “naturezas específicas” e estão afetas a quem sofreu de AVC ou cuidados a queimados.
Às 17.700 juntam-se camas de cuidados intensivos e 506 de cuidados intermédios nos Hospitais do Serviço Nacional de Saúde, mas algumas delas têm de estar “sempre reservadas”.
Hospital de campanha em Penafiel
A situação epidémica no norte do País foi também um dos temas em destaque na conferência. Há três concelhos específicos com uma “elevada pressão” sobre os serviços de saúde, estando por isso a ser montado um hospital de campanha no perímetro do Hospital de Penafiel, integrante do Centro Hospitalar do Tâmega e Sousa.
“Além da capacidade de expansão que tem o SNS, há também a capacidade de contar com outras respostas como esta que acabei de referir”, declarou a ministra da Saúde. frisando ainda a importância de garantir que a transmissão da infeção não acontece, protegendo o sistema de saúde de uma pressão que será “dificilmente suportável”.
100 mil testes rápidos na primeira semana de novembro
Marta Temido informou ainda que o ministério da Saúde “aceitou a disponibilidade da Cruz Vermelha Portuguesa para o fornecimento de testes rápidos de antigénio” e que “estão pré-reservados um total de 500 mil testes”, que serão recebidos de forma faseada. A primeira entrega será de 100 mil testes e “deverá ser entregue na primeira semana de novembro”.