Os boletins epidemiológicos da Covid-19 continuam a alertar para o crescente número de contágios. De acordo com a Direção-Geral da Saúde (DGS), entre os dias 3 e 9 de maio, o País registou aproximadamente 100 mil infeções pelo coronavírus, com aproximadamente 23 mil casos diários. Os níveis de positividade estão acima dos 40 por cento.
“Estamos no início de uma vaga que coincide com o fim da obrigatoriedade das máscaras e que começa num patamar de incidência bastante elevado”, afirmou Óscar Felgueiras, especialista em epidemiologia da Universidade do Porto, ouvido pela agência Lusa. O investigador lidera a equipa que escreveu o livro “Covid-19 em Portugal: a estratégia”.
A previsão de Felgueiras é que o aumento significativo se mantenha nas próximas semanas, reforçando que “é mais do que uma manifestação temporária”.
“Neste momento, ao ritmo a que vamos, não é de todo provável que evitemos atingir os 30 mil novos casos”, reforçou, acrescentando que “no curto prazo a tendência é de crescimento”. Com a tendência de crescimento, alerta para a urgência de proteger grupos mais vulneráveis, como os idosos. A partir de segunda feira, a população com mais de 80 anos e os residentes em lares vão começar a receber a segunda dose de reforço da vacina.
A forte circulação do vírus também se está a traduzir no aumento da mortalidade, que é superior ao desejável. “Tínhamos uma meta de 20 óbitos por 100 mil habitantes a 14 dias que não chegou a ser alcançada, mantemo-nos há dois meses com valores acima disso, e já se sabe que os casos aumentando nos mais jovens, o aumento inevitavelmente acabará por chegar à população mais velha”, acrescentou o especialista.
Desde início da pandemia, segundo dados divulgados esta quinta-feira pela Organização Mundial da Saúde (OMS), Portugal ultrapassou os quatro milhões de casos.