Daniela Melchior revelou no início de novembro, num painel na Web Summit, que sofreu uma colite nervosa antes de voar para os Estados Unidos para começar as gravações de “Esquadrão Suicida”. A atriz portuguesa explicou que foi a pressão de trabalhar ao lado de nomes como Margot Robbie e Idris Elba que provocou esta condição.
“Estava a trabalhar e sentia-me feliz mas o meu eu interior sofreu a pressão”, resumiu a artista. Contou que, antes das gravações de “Suicide Squad”, passava muito tempo a dormir como “mecanismo de defesa”: “Prefiro apagar para não pensar demasiado nas coisas.” Atualmente, faz meditação e segue técnicas de mindfulness para minimizar estes sintomas.
Uma colite nervosa tem manifestações que “podem ser piores que a própria doença”, explica à NiT Miguel Mascarenhas Saraiva, coordenador de Gastrenterologia do Instituto CUF Porto e do Hospital CUF Porto. A doença surge quando “o organismo desenvolve os sintomas de uma colite, mas depois de feitos os exames, não há nenhuma doença na própria mucosa do intestino.”
Ver esta publicação no Instagram
Os sintomas mais associados à colite nervosa são espasmos, dores e alterações do trânsito intestinal (que tanto podem ser diarreia, como obstipação). “Quando aparece trata-se, provavelmente, de uma doença funcional digestiva, que está muito associada a situações de stress e ansiedade”, explica o especialista.
O sistema nervoso do nosso intestino envia informações ao sistema nervoso central, e vice-versa. Os dois mecanismos estão em comunicação constante — sabe-se que as bactérias intestinais têm uma influência direta na química do cérebro e, consequentemente, no nosso comportamento e bem-estar.
Por isso é que em situações de ansiedade e stress, sentimos desconforto intestinal que pode evoluir para diarreia (ou obstipação). “No fundo, não temos uma colite associada ao mecanismo responsável pela maioria das funções de controle do nosso organismo. Temos sim, sintomas iguais aos da colite, cujo aparecimento é bastante influenciado pelo sistema nervoso”, diz Miguel Mascarenhas Saraiva.
Na ausência de uma patologia física, o “diagnóstico é bastante complicado” e necessita de vários exames para confirmar que não há uma inflamação presente no intestino. “Em primeiro lugar, temos de ter a certeza de que se trata exatamente dessa condição. Há exames que nos permitem saber a origem dos sintomas, por mais graves que sejam (análises fecais ou colonoscopias)”, ressalva o médico.