A matriz de risco, segundo investigadores, encontra-se “obsoleta” e “enganadora”, tendo em conta que os indicadores utilizados se encontram “muito lentos”. Os académicos defenderam nesta quinta-feira, 1 de julho, na Comissão Eventual para o acompanhamento da aplicação das medidas de resposta à covid-19, mudanças na matriz que permitam decisões mais rápidas e eficazes no combate à pandemia.

“A atual matriz de risco está completamente obsoleta e é completamente inútil e enganadora nesta fase, porque os indicadores que utiliza são muito lentos, têm até 14 dias de atraso”, afirmou o matemático Jorge Buescu.

Para o professor da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa a utilização da incidência cumulativa a 14 dias por cada 100.000 habitantes, agora que há um crescimento visível da pandemia “é perigoso”, sugerindo que, “no mínimo, os indicadores deveriam ser “completamente reformulados”.

“Neste momento que temos um crescimento exponencial não nos interessa saber o que se passou há 14 dias, interessa o que se está a passar agora.”

Henrique Silveira, professor do Instituto Superior Técnico para análise da pandemia, partilhou a mesma posição que Jorge Buescu e defendeu que não se pode prosseguir com uma matriz de risco “cuja fiabilidade nesta conjuntura é praticamente nula devido aos atrasos que tem”.

“Temos que rapidamente mudar a matriz de risco porque na realidade ela é que vai dizer quais são as decisões a tomar”, disse Henrique Silveira.

O professor defendeu ainda que a matriz tem de ser “mais rápida”, uma vez que na situação epidemiológica que o País vive, o instrumento deve elucidar a realidade do momento e não a de há duas semanas atrás, correndo assim o risco de se estarem a tomar medidas desajustadas e o controlo da realidade da pandemia.