As doenças sexualmente transmissíveis não são um mito urbano. Existem e podem causar patologias (muito) graves. A cautela é necessária, mas não significa viver em abstinência. Existem vários métodos disponíveis no mercado que protegem contra deste tipo de doenças sem ter de abdicar de relações plenas e satisfatórias. Agora, às várias formas de proteção já existentes junta-se uma novidade: umas cuecas super finas destinadas a serem usadas por mulheres durante o sexo oral.
Sim, através desta prática sexual também é possível contrair um doença sexualmente transmissível. Todas as trocas de líquidos produzidos pelo organismo — saliva, sangue, sémen, fluídos vaginais ou retais são fatores de risco entre parceiros sexuais. E vírus como o HPV, herpes, o HIV, a clamídia e a gonorreia podem ser transmitidos durante o sexo oral.
O HPV, por exemplo, é uma das principais causas do aparecimento de cancro da boca e da garganta, e os investigadores descobriram que certas experiências sexuais estavam ligadas a um maior risco de cancro. As pessoas que relataram ter sexo oral mais jovens e que tinham mais parceiros sexuais, tinham mais probabilidades de desenvolver cancro da boca e da garganta do que os seus pares que tinham menos parceiros e sexo oral mais tarde na vida, refere um estudo publicado na revista “Cancer”.
Este risco pode estar perto de diminuir drasticamente. A Food and Drug Administration (FDA) — agência federal do medicamento dos Estados Unidos — autorizou a comercialização de um modelo específico de cuecas para ser usado por mulheres durante o sexo oral com o objetivo de evitar que o seu/sua parceiro/a contraia uma infeção sexualmente transmissível.
A Lorals for Protection, vendida pela empresa Lorals, com sede em Los Angeles, recebeu a aprovação da FDA pela sua capacidade de prevenir a transmissão de doenças sexualmente transmissíveis durante o sexo oral, ao mesmo tempo que permite que a mulher desfrute do ato sexual.
Um sucesso do outro lado do oceano
O produto destina-se a pessoas que ou sofrem de uma doença ou infeção sexualmente transmissível, ou tenham uma condição anterior que as faz querer ter mais cuidado quando se envolve em sexo oral.
Melanie Cristol, advogada e proprietária da marca, explica que, inicialmente imaginou a Lorals “como um substituto da barragem dentária, — outro método contracetivo para sexo oral — depois de precisar de um durante umas férias românticas”. A jovem conta que não adorou a experiência e sentiu-se “estigmatizada por ter de usar uma folha de retalhos”, disse numa entrevista à “Revista Authority” em 2020.
Depois de alguma pesquisa e conversas com outras mulheres, Melanie percebeu que “algumas recusavam sexo oral, porque não tinham opções fáceis e seguras”. Depois de voltar dessa viagem começou a pensar com podia inovar em relação às ditas barreiras dentárias, que apenas existiam num tamanho padrão.
Começou por pensar que se criasse algo que “fosse sensual, se mantivesse no lugar, intensificasse a experiência, em vez de a diminuir — certamente mais pessoas passariam a dizer sim a esta prática sexual e com mais frequência”.
Cristol contou, aquando da aprovação, que começou a desenvolver o produto em 2015. As cuecas chegaram ao mercado pela primeira vez em 2018 e só quatro anos mais tarde foram oficialmente aprovadas como um dispositivo para impedir a transmissão de DST.
As cuecas “Lorals for Protection” são produzidas em látex natural e bloqueiam a transmissão de fluidos corporais, agentes patogénicos nocivos e infeções sexualmente transmissíveis durante o sexo oral. Cada par de cuecas é de uso único, e devem ser descartadas posteriormente — como se de um preservativo se tratasse.
Foram criadas para ser usadas durante o sexo oral e o/a parceiro/a da mulher pode realizar o ato sexual por cima das mesmas. Devido à sua espessura muito fina, o prazer não fica comprometido.
As cuecas da Lorals estão disponíveis para entrega em Portugal, através do site da marca. Um pack com quatro cuecas custam 25 dólares, o que equivale a 23,62€. Tem dois modelos disponíveis, um mais reduzido e outro que se assemelha ao formato de um boxer feminino.
Os modelos já são um sucesso do outro lado do oceano. A empresa disse ao jornal “DailyMail” que as vendas superam as dezenas de milhares de unidades todos os meses —podem ser compradas em todos os 50 estados dos EUA e em 60 países do mundo.