As rugas são um problema que ninguém gosta de ter que enfrentar: dão um ar mais desgastado e cansado ao rosto — já para não falar dos anos a mais que acrescentam a cada pessoa. O problema é que só nos começamos a preocupar com elas tarde demais, quando devíamos fazê-lo bem cedo, logo quando começamos a sair à noite e a beber álcool.
Chegar a sexta-feira à noite e ir ter com os amigos para tomar um copo numa esplanada sabe sempre bem. O problema é quando se tomam dois, três, quatro — e, às tantas, já lhes perdemos a conta.
A verdade é que abusar um bocadinho nas bebidas alcoólicas esporadicamente não é preocupante (apesar da ressaca no dia seguinte ser dura), mas se o faz regularmente é melhor passar a ter mais cuidado: esta substância pode causar efeitos negativos na pele.
Já todos sabemos que a proteção solar, a hidratação e a alimentação têm uma grande influência numa pele mais saudável e bonita, mas fumar e beber álcool são dois dos fatores que estão diretamente relacionados com o envelhecimento do maior órgão do corpo humano. É que muita gente não sabe, mas ele pode chegar a corresponder a aproximadamente 16 por cento do peso corporal de cada pessoa e ter uma área de dois metros quadrados.
“O consumo excessivo de bebidas alcoólicas, igual ou superior a oito por semana, parece estar associado a um aumento das linhas faciais superiores, inchaço sob os olhos e perda de volume da face. De facto, no que concerne ao álcool e tabaco, quanto maior a quantidade consumida e o tempo de exposição, maior o impacto no envelhecimento facial. Por outro lado, deixar de fumar e de beber álcool pode atrasar o envelhecimento da pele da face”, começa por contar à NiT a nutricionista Lia Faria.
“Isto acontece, uma vez que o corpo pode ficar com deficiência de vitaminas, danos nos tecidos, aumento da inflamação e diminuição da capacidade de produção de colagénio. Ao mesmo tempo, a defesa antioxidante da pele fica prejudicada, deixando-a mais suscetível ao efeito da luz ultravioleta e com uma predisposição maior para queimaduras solares e um aumento da pigmentação.”
O consumo de álcool também pode levar ao ressecamento e à escamação dos tecidos, uma vez que inativa a produção da hormona antidiurética, um dos principais mecanismos que controla a quantidade de água corporal. É que a água é essencial para eliminar o álcool do corpo, e caso não exista em quantidade suficiente, vai acabar por retirar o líquido de outros tecidos, como a pele.
Ainda assim, nem tudo é mau: se existem hábitos prejudiciais à pele, também existem outros que são benéficos. Apesar da pele se encontrar constantemente exposta a diversos agressores, como a radiação solar e poluição ambiental — e de estes fatores levarem ao aumento do stress oxidativo e consequentemente ao desenvolvimento de danos ao nível da pele — é possível aumentar o potencial antioxidante dos nossos tecidos. Isso pode ser feito através do consumo de fitonutrientes como os carotenóides, que estão presentes em vários alimentos.
“Os carotenóides são os pigmentos lipossolúveis responsáveis pelas colorações amarela, laranja e vermelha de muitos hortofrutícolas. A cenoura acaba por se destacar por ser rica em betacaroteno, um precursor da vitamina A que é especialmente interessante como protetor da pele, uma vez que pode ser convertido em ácido retinóico”, explica a especialista em nutrição.
“Acredita-se que os retinóides têm um papel importante na proliferação de queratinócitos (células epidérmicas que sintetizam queratina), na diferenciação e queratinização epidérmica, na redução da inflamação e stress oxidativo da pele, e ainda têm a capacidade de facilitar a penetração de agentes administrados topicamente. Existem vários estudos que inclusive descrevem o betacaroteno como fotoprotetor.”
De qualquer forma, é importante referir que o corpo humano não é capaz de sintetizar carotenóides e que estes são adquiridos exclusivamente através da alimentação. Apesar de não existir consenso relativamente à quantidade ideal de ingestão diária, é indicado que níveis plasmáticos de 0,4 microgramas por litro de betacaroteno parecem ter vantagens para a saúde.
Estes valores são possíveis de atingir através da ingestão de 2 a 4 miligramas de betacaroteno por dia. “É muito fácil atingir estas recomendações através da alimentação e nomeadamente do consumo de cenoura. Segundo a Tabela Portuguesa de Composição de Alimentos, 100 gramas de cenoura crua são capazes de fornecer 6,4 miligramas de carotenos”, refere a nuticionista.
O consumo regular de cenouras e outros hortofrutícolas amarelos, laranjas e vermelhos (como a manga, abóbora e tomate) é uma forma simples e eficaz de ajudar a combater os danos a que se encontra exposta diariamente.
Se tem uma pele oleosa, carregue na galeria e conheça as recomendações da dermatologista Ana Moreira para minimizar o problema.