A corrida contra o tempo para conseguir uma vacina e conhecer melhor o novo coronavírus continua. Esta terça-feira, 13 de outubro, foi revelada a conclusão de mais uma investigação. Um estudo realizado por mais de 70 investigadores brasileiros demonstra agora que a doença pode afetar o cérebro e provocar a morte de neurónios — e isso não acontece apenas em doentes graves.
A investigação, que foi publicada na plataforma científica medRxiv, mas que ainda se encontra sob avaliação, indica que o vírus pode promover alterações significativas na estrutura do córtex, a região do cérebro mais rica em neurónios e responsável por funções complexas como memória, atenção, consciência e linguagem.
“Os pacientes com Covid-19 podem apresentar sintomas neuropsiquiátricos e/ou nerológicos. Descobrimos que ansiedade e comprometimento cognitivo são manifestados por 28-56 por cento dos indivíduos infetados com SARS-CoV-2 com sintomas respiratórios leves ou sem sintomas respiratórios e estão associados com espessura cortical cerebral alterada”, pode ler-se no estudo coordenado por investigadores da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e da Universidade de São Paulo (USP).
Os cientistas encontraram tabém danos cerebrais em 19 por cento dos indivíduos que morreram de Covid-19 e que estavam sob análise.
Ao portal de notícias “G1“, Clarissa Lin Yasuda, umas das coordenadoras do estudo, disse que encontraram muitos pacientes que, mesmo já curados da Covid-19 “há cerca de dois meses, continuavam a apresentar sintomas neurológicos, como fortes dores de cabeça, sonolência excessiva, alteração da memória, além de perda de olfato e paladar”.
“Em alguns casos raros, até convulsões, e esses pacientes nunca tinham sentido isso antes”, continuou.
Agora, explicou, resta saber a gravidade destas lesões: se são passageiras ou podem ser irreversíveis. Os cientistas vão acompanhar os pacientes do estudo durante os próximos três anos para tirar mais conclusões.