A camomila e as sementes de linhaça são dois ingredientes utilizados há vários séculos pela medicina tradicional para tratar dores menstruais. Um estudo, publicado em novembro de 2024 na plataforma PubMed, investigou os efeitos destes alimentos em pacientes com dor pélvica, dor genital, dores menstruais e com endometriose, para confirmar a veracidade deste tratamento. Os resultados são surpreendentes.
O estudo foi conduzido por investigadores iranianos e recorreu a 102 pacientes, que foram divididas em três grupos. O primeiro consumiu cerca de nove gramas de chá de camomila; o segundo tomou óleo de linhaça, em capsulas de 100 miligramas, ambos três vezes por dia; e o último tomou apenas um ingrediente placebo.
Os resultados concluíram que as pessoas que ingeriram “camomila e sementes de linhaça tiveram 38 por cento menos dores pélvicas do que as que tomaram o placebo, 41 por cento menos sexo doloroso, e as cólicas foram reduzidas em 33 por cento”.
Contudo, a pesquisa ressalva que outras alterações, como “mudanças na dieta”, podem provocar alivio dos sintomas — e que estes resultados podem não ser aplicáveis a todas as mulheres com endometriose.
Esta doença “acontece quando as células do endométrio — que forram as paredes do útero — migram para fora da cavidade uterina e se instalam em outros locais do corpo”, explica à NiT a ginecologista Filipa Osório. Estas células acabam por formar quistos, nódulos e aderências nas zonas onde se instalam.
“O mais frequente é junto ao útero ou aos ovários, mas podem migrar para outros órgãos”, sublinha a especialista.
A sua causa ainda não é completamente compreendida, mas, explica a médica: “Parece existir uma predisposição genética, mas a origem pode estar também relacionada com o sistema imunitário. Quando a mulher é exposta a fatores externos stressantes, estes podem desencadear o aparecimento da doença”.
Esta patologia ginecológica crónica afeta profundamente a vida de uma em cada 10 mulheres e acompanha-as durante toda a vida fértil. “Está muitas vezes associada a dores menstruais e à infertilidade, mas dores durante as relações sexuais ou durante o ciclo menstrual podem ser também sintomas”, destaca a ginecologista.
Devido à severidade dos sintomas, que podem significar dores incapacitantes, o governo português alterou o Código do Trabalho, “para assegurar o direito das pessoas com endometriose ou com adenomiose a um diagnóstico atempado, assim como o acesso a todos os meios complementares de diagnóstico e terapêutica e consultas necessárias”, lê-se no diploma.
A lei vai entrar em vigor a partir deste mês de abril, com a criação de uma prescrição médica, entregue ao empregador ou instituição de ensino como justificação do motivo de falta, sem que seja necessário renovação mensal.