Saúde

Estudo revela que usar máscaras e viseiras durante muito tempo agrava cefaleias

Mais de cinco mil pessoas participaram neste inquérito português sobre o uso prolongado de equipamentos de protecção individual.
Aumentaram queixas.

Há pouco mais de um ano, a pandemia veio mudar uma série de hábitos na nossa vida. Uma das novidades que passaram a fazer cada vez mais parte das nossas vidas foi o uso de máscara.

Desde cedo, uma das preocupações foi reforçar o número de equipamentos de proteção individual (EPI), em especial para quem estava na linha da frente da pandemia. Foi um mal menor na hora de contrariar o contágio. Mas o uso prolongado dos EPI não se faz sem algumas queixas.

É mesmo isso que demonstra um inquérito que envolveu mais de cinco mil pessoas e que foi levado a cabo pela Sociedade Portuguesa de Cefaleias, em conjunto com a MiGRA Portugal – Associação de Doentes com Enxaqueca e Cefaleias e com o centro de cefaleias do Hospital da Luz.

O inquérito revelou que 56 por cento dos inquiridos desenvolveu cefaleias após o uso prolongado dos EPI. Destes, quase 90 por cento atribuem o início destas crises de cefaleia a este fator.

“A decisão de realizar este inquérito prendeu-se, essencialmente, com o aumento do número de queixas por parte de doentes que já tinham crises de cefaleias, mas também de doentes que desenvolveram estas crises apenas devido ao uso de EPI”, explica Raquel Gil Gouveia, neurologista da Sociedade Portuguesa de Cefaleias.

“Estas cefaleias foram descritas maioritariamente como bilaterais, tipo pressão, mais frequentemente afetando a testa e as regiões de aplicação dos EPIs na zona cefálica (peri-ocular, nuca, vértex, atrás das orelhas)”, acrescenta.

Entre os mais de cinco mil inquiridos, 72 por cento já tinha história de cefaleia regular, 62 por cento com critérios de enxaqueca.

“Dentro desta população, mais de 90 por cento dos doentes afirmou que as crises agravaram, o que demonstra o real impacto do uso de EPI nesta população. Dentro destes resultados, cerca de 97 por cento dos doentes tiveram um aumento da frequência de crises, 95 por cento um aumento da duração e/ou intensidade e ainda 92 por cento registaram uma pior resposta à terapêutica”.

A equipa que conduziu o inquérito salienta que estes valores podem ser “alarmantes, especialmente quando falamos sobre uma pior resposta à terapêutica”. Deixam, por isso, a mensagem de que é importante os profissionais de saúde alertarem a população para estas questões “e olhar pelo seu bem-estar”.

“O aumento do número de crises acaba por contribuir, também, para o aumento de incapacidade dos doentes, especialmente a nível laboral, local onde os doentes têm de estar permanentemente a utilizar um EPI”, salienta-se ainda. Uma das soluções apresentadas é a manutenção do teletrabalho como “opção para reduzir o impacto das medidas de proteção individual na população”, explica a neurologista. 

 

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