Saúde

Filha de Bruce Willis luta contra a anorexia nervosa. Já chegou a pesar 38 quilos

Tallulah falou sobre o diagnóstico de demência do pai e sobre a fragilidade da própria saúde. Passou muito tempo "em negação".
O ator ainda reconhece a filha.

Há um ano a família de Bruce Willis anunciava que o ator norte-americano tinha sido diagnosticado com afasia. Mais tarde, veio clarificar o diagnóstico: demência frontotemporal. Nos últimos dias, a família tem estado novamente nas capas das revistas, desta vez, por outro motivo. Tallulah, a filha de Bruce e de Demi Moore revelou como a doença do pai tem impactado a sua vida, confessando que ainda tem dificuldade em desistir dos planos que tinha feito com Willis.

“Mudo constantemente entre o presente e o passado quando falo sobre ele: ele é, ele era, ele é, ele era. Continuo com esperança relativamente ao meu pai e estou relutante em deixá-la ir”, escreveu a jovem de 29 anos numa carta publicada na revista Vogue, esta quarta-feira, 31 de maio.

Além de recordar os primeiros sinais da doença de Bruce Willis, Tallulah também abordou a fragilidade da sua própria saúde. Falou sobre a sua síndrome de hiperatividade, o diagnóstico de personalidade borderline e a luta contra a anorexia nervosa — em 2002 chegou a pesar 38 quilos. “Admito que, nos últimos anos, enfrentei o declínio do meu pai com uma atitude de negação da qual não me orgulho. A verdade, é que também estava muito doente para lidar com tudo aquilo”, escreveu.

Tallulah revelou que tudo começou quando tinha apenas 11 anos, após ter ido a um evento com a mãe e Ashton Kutcher, o companheiro de Demi na altura. “Usei um casaco de pêlo e senti-me muito crescida. Estava muito contente e quis ver se tinha aparecido nos sites de moda. Abri o computador e lá estava eu. Depois comecei a ler os comentários —centenas deles — e parecia que me queimavam através do ecrã. ‘Parece deformada’, ‘Olha a mandíbula dela, parece um homem’, ‘É uma versão feia do pai’.” Ficou devastada, mas durante anos, não contou a ninguém o que sentia. “Vivia apenas com a certeza silenciosa da minha própria feiura.”

Aos 20 anos, fez, pela primeira vez, tratamentos psiquiátricos. Nessa altura, as informações médicas foram divulgadas no jornal britânico “Daily Mail”. “A decisão de contar ou não a história foi-me arrancada. Agora, nove anos e muita terapia depois, já posso ser eu a decidir.” Mesmo assim, diz, “o peso de ser filha de duas celebridades” nunca desaparecerá.

“Há o fator nepo baby [termo utilizado para se referir aos filhos de celebridades que tiveram sucesso em carreiras adjacentes à dos pais famosos ou outros parentes estimados], é claro. A consciência de que, se não fosse filha deles, talvez poucos se importassem com o que tenho a dizer. E, apesar de acreditar que o sofrimento de todos seja real, sempre tive medo de parecer uma idiota mimada, insensível e chorona.”

Os dois têm uma boa relação.

Nos últimos anos, Tallulah tem lutado contra a anorexia nervosa. “Consegui ficar sóbria aos 20 anos, e restringir a alimentação parecia ser o último vício ao qual me apegava”, acrescenta. Cinco anos depois, foi internada num centro de tratamento em Malibu para tratar a depressão. Nessa altura foi também diagnosticada com TDAH (transtorno do défice de atenção com hiperatividade). Começou a tomar medicação — “e foi transformador”. “Senti-me inteligente pela primeira vez, mas também comecei a gostar do efeito secundário, a inibição do apetite”, refere.

E, como muitos outros que sofrem de distúrbios alimentares, levou a situação ao extremo. “Há uma delícia doentia no início da perda rápida de peso. Primeiro, as pessoas dizem: ‘Uau’. Mas isso rapidamente se transforma em: ‘Estás bem?'”. Enquanto Tallulah vivia presa à dismorfia corporal, exibindo-a no Instagram, o pai “lutava silenciosamente”. Atualmente, tudo indica que o pior terá passado — pelo menos, para a jovem.

“Em junho do ano passado, o meu noivo terminou comigo e a minha família teve de intervir. Mandaram-me para Driftwood Recovery [um centro de reabilitação], no Texas. Ali fui apresentada a várias terapias, a minha medicação foi reformulada e recebi um novo diagnóstico: transtorno de personalidade borderline, uma doença que prejudica a capacidade de regular emoções e encontrar estabilidade nos relacionamentos. Quando deixei o Texas, em outubro, sentia-me muito melhor.”

Hoje, diz não querer preocupar mais ninguém. “É provável que o meu processo de recuperação não termine, mas agora tenho ferramentas para estar presente em todas as facetas da minha vida. Especialmente, no meu relacionamento com o meu pai. Posso saborear o tempo que estou com ele, segurar-lhe a mão e sentir que é maravilhoso. Sei que as adversidades estão a aproximar-se e é o começo do luto. Mas, aquela história de nos amarmos antes de podermos amar outra pessoa é real”, conclui.

Bruce Willis, de 68 anos, foi diagnosticado com afasia — um distúrbio neurológico que afeta a comunicação — em março de 2022. Na altura, foi também comunicado que o ator não voltaria a trabalhar, tendo terminado a carreira.

Conhecida como doença de Pick, a demência frontotemporal caracteriza-se por um conjunto de distúrbios que atingem regiões específicas do cérebro: os lobos frontais. Trata-se de uma doença sem cura que provoca alterações de personalidade e de comportamento e levam à dificuldade de compreender e falar. A partir dos primeiros sintomas, a esperança média de vida oscila entre os sete e os 13 anos. “Felizmente, a demência não afetou a sua mobilidade. E também se lembra de mim”, assegura a filha.

Aproveite para ler o artigo da NiT sobre o medicamento para diabéticos que está à venda em Portugal e que pode ajudar a prevenir a demência.

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