O cancro no pâncreas é uma doença que afeta sobretudo idosos com mais de 70 anos, mas tem vindo a verificar-se um aumento significativo em idades mais jovens, entre os 40 e 50 e também na faixa dos 30 anos. O presidente do Clube Português do Pâncreas (CPP), Ricardo Rio Tinto, alerta para o aumento da incidência da doença.
Segundo Ricardo Tinto, citado na TVI24, este cancro era raro, mas está a tornar-se mais frequente e registou na última década “um aumento de 30 por cento, passando de 1200 a 1800 casos anuais.” O tabagismo e alcoolismo continuam a ser fatores de risco, assim como o histórico familiar. No entanto: “Os fatores genéticos não estão a mudar, o que está a mudar são os fatores ambientais.”
O médico referiu que a “modificação do estilo alimentar, através de um aumento do consumo de alimentos processados, ou conservados em recipientes sintéticos, pode ser outra das explicações” para este aumento dos casos. Relembrou ainda os cuidados a ter com o álcool e com o tabaco; e recomendou que os portugueses sigam uma alimentação próxima da dieta mediterrânica.
O cancro do pâncreas é muito agressivo e costuma ser detetado numa fase muito avançada. Não há um exame de rastreio que permita diagnosticar a patologia numa fase precoce: “O pâncreas, sendo um órgão que está relativamente escondido, o acesso, para fazer algum tipo de diagnóstico precoce, é muito difícil. Acresce que, além de estar escondido, está próximo de estruturas muito importantes.”
Alguns dos sintomas a que deve estar atento são alterações no metabolismo, perda de peso inexplicável, aparecimento repentino de diabetes e monitorizar pequenos quistos no pâncreas, que devem ser “avaliados e vigiados ao longo da vida.”
A taxa de mortalidade ronda os 95 por cento e menos de 20 por cento dos doentes com tumor no pâncreas “têm expectativa de cura com indicação para cirurgia”, explica Ricardo Rio Tinto. Ainda assim, 80 por cento desses pacientes acabam por falecer nos anos seguintes por causas relacionadas com a doença oncológica.
Com a Covid-19, “os tumores em geral têm ficado esquecidos”, observou o médico, que apela para que quem note algum sintoma procure aconselhamento médico o mais cedo possível.