Isabel Figueira revelou esta terça-feira, 28 de março, que foi diagnosticada com um tumor no ovário esquerdo. A apresentadora foi operada durante esta tarde na CUF, mas o diagnóstico da massa retirada ainda não é conhecido.
“No mês passado recebi uma notícia que mudou tudo. Infelizmente, descobri que tenho um tumor no ovário esquerdo, com seis por cinco centímetros. Não tenho certezas do que é, porque o diagnóstico só saberei depois de ser retirado e analisado. Esta notícia tem sido difícil de aceitar. Voltei a sentir medo”, pode ler-se numa publicação feita pela atriz no Instagram.
A também modelo descobriu que tinha a massa no ovário durante a realização de uns exames de rotina: “Em 2020 fui diagnosticada com Policitemia Vera [uma doença crónica que afeta os glóbulos vermelhos]. Hoje em dia, graças a Deus, está controlada. Mas passei a ser mais rigorosa em relação à minha saúde e a cumprir com rigor os meus exames de rotina.”
Esta é, segundo o ginecologista Fernando Cirurgião, a única forma de detetar a doença. “A ecografia pélvica, inserida numa vigilância regular, é um dos exames que permite perceber se existe alguma alteração nos ovários. Porém, ainda não está padronizada a regularidade para a sua realização.”
Caso seja detetada alguma alteração nos ovários, são feitas análises e exames complementares, para que se consiga fazer um diagnóstico preciso da doença — nomeadamente em que estádio está e se existem outros tumores. “Este é um dos passos mais importantes, porque vai definir a estratégia seguinte. Quando está no estádio I é feita uma cirurgia mais agressiva e preventiva para retirar o tumor. Estádios mais avançados exigem outros métodos”, explica à NiT o especialista em ginecologia.
Depois de retirado o tumor este é analisado. Só através dessa análise se pode avaliar qual o tipo de cancro. “O mais comum, que representa cerca de 70 por cento dos casos da doença, é o carcinoma seroso, que se tratam de formações quistícas complexas”, diz o clínico.
Isabel Figueira ainda não sabe qual o tipo do tumor lhe foi retirado, no entanto, as dimensões referidas pela apresentadora (de cinco por seis centímetros) são, segundo o especialista, “consideráveis”. Contudo, Fernando Cirurgião realça que, por vezes, “tratam-se de grandes massas com um líquido espesso e transparente” e acabam por significar um bom diagnóstico.
Uma doença silenciosa e assustadora
Os números dos casos de cancro do ovários são assustadores. Em 2020 foram diagnosticados 561 novos casos no nosso País e foram registadas 408 mortes provocadas pela doença, segundo dados do Globocan, a Agência Internacional para a Pesquisa sobre Cancro.
Portugal apresenta uma das taxas de incidência mais baixas da Europa, mas nem todas as notícias são boas. Esta patologia está associada a uma altíssima taxa de mortalidade: é a oitava causa de morte por cancro nas mulheres em todo o mundo.
Esta é uma doença silenciosa, e o facto de ser habitualmente diagnosticada numa fase mais avançada compromete o tratamento. Ao contrário do que acontece com outros tipos de cancro, que permitem um diagnóstico em fase inicial, o do ovário normalmente só provoca sintomas quando chega às etapas mais avançadas. Cerca de 75 por cento dos casos são identificados nos estádios III e IV.
No dia a dia, as mulheres devem estar atentas a sinais ou sintomas que que não tinham anteriormente e a vigilância ginecológica deve ser efetuada regulamente. Em fases mais avançadas, os sintomas mais frequentes são dor, alterações do trânsito intestinal, ter a barriga mais distendida (inchada), sensação de enfartamento após as refeições, enjoos ou vómitos e queixas urinárias.
As causas do cancro do ovário continuam a ser um mistério para a ciência. Existem, contudo, fatores de risco associados à doença que merecem especial atenção. “A idade, principalmente nas mulheres com mais de 55 anos, o histórico familiar, o excesso de peso ou o facto de fumarem são os principais. O ciclo reprodutivo pode também ter impacto. A endometriose, menopausa e o uso de terapêutica hormonal de substituição, também podem ser considerados fatores de risco.” Outra causa possível poderá ser genética, e nesse caso, devem ser realizados testes BRCA (que revelam a presença ou não da mutação que pode dar origem ao cancro do ovário) e reduzir a probabilidade de vir a desenvolver a doença.