Saúde

Jovem de 13 anos com leucemia grave entrou em remissão após tratamento revolucionário

A adolescente britânica foi a primeira pessoa no mundo a submeter-se ao método terapêutico pioneiro criado apenas há 6 anos.
Alyssa tem 13 anos.

Em maio de 2021, Alyssa foi diagnosticada com uma leucemia linfoblástica aguda das células T, um tipo de cancro que se considerava incurável. A jovem de 13 anos residente em Leicester, no Reino Unido, lutou mais de um ano — sem sucesso —, contra este cancro agressivo. Quando se pensava que não já existia esperança para o seu caso, uma equipa do hospital londrino Great Ormond Street resolveu recorrer a uma tecnologia chamada edição de base, criada apenas há seis anos. Alyssa foi submetida ao procedimento em maio de 2022, e há seis meses o cancro entrou em remissão.

A batalha de Alyssa ficou conhecida depois de Gok Wan, um famoso apresentador de televisão britânico, primo do seu pai, ter falado publicamente sobre o assunto e ter rapado a cabeça em homenagem a todas as crianças que lutam contra o cancro. O também consultor de moda conseguiu angariar mais de 50 mil euros para a a associação solidária “Young Lives vs Cancer”, que ajuda os pacientes e as suas famílias a passar por este momento mais difícil.

Após um transplante de medula óssea e vários ciclos de quimioterapia, a leucemia da jovem britânica só cedeu perante o tratamento revolucionário. Descrita pelos cientistas como “a técnica de engenharia celular mais sofisticada de todos os tempos”, permite ampliar uma parte específica do código genético e alterar a sua estrutura molecular recorrendo apenas um dos quadro blocos (adenina [A], citosina [C], guanina [G] e timina [T]) que compõem o nosso código genético, transformando-a. Desta forma conseguem dar-lhe novas instruções de como atuar no organismo.

Através desta técnica, a equipa de médicos e investigadores da unidade de saúde londrina conseguiu criar um novo tipo de célula T — extraídas das medula de um dador saudável — capaz de matar as células cancerígenas da jovem britânica.

Como se tratava de um procedimento pioneiro, quando os médicos apresentaram a ideia à família, a decisão ficou nas mãos de Alyssa. Corajosa, a adolescente decidiu avançar e, assim, tornar-se na primeira pessoa a passar por este tratamento experimental. Em comunicado, a jovem explicou: “Pensei: se o fizer, as pessoas ficarão a saber o que podem fazer, de uma forma ou de outra. Se isto vai poder ajudar outras pessoas, claro que o vou fazer”.

Alyssa foi submetida ao tratamento em maio e um mês depois, o cancro entrou remissão. Nessa altura fez um novo transplante de medula óssea para reabilitar o seu sistema imunitário e as boas notícias não tardaram a chegar. Atualmente, a jovem está livre da leucemia.

A família não podia estar mais feliz com o desfecho. “Os médicos disseram que os primeiros seis meses são os mais importantes. Não queremos ser irrealistas, mas continuamos a pensar: ‘se eles conseguirem eliminá-lo [o cancro], apenas uma vez, ela vai ficar bem’. E talvez estejamos certos”, afirmou a mãe da menina, Kiona, citada pelo “The Guardian”.

A equipa procura, agora, 10 outros doentes que, à semelhança de Alyssa, esgotaram todas as opções de tratamento, para replicarem o procedimento e avaliarem os resultados. Caso sejam favoráveis, os cientistas esperam aplicar a tecnologia não só a doentes com leucemia, mas também com outras patologias.

Com este procedimento, a compatibilidade de doadores não é um problema, uma vez que é baseado em células T doadas que podem ser editadas. “É uma terapia celular universal ‘pronta a usar’ e — se replicada — poderá ser o ponto de partida para o uso deste tipo de tratamento”, admitiu a médica Louise Jones, do Conselho de Investigação Médica, que financiou o projeto.

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