Laura Barajas tem 40 anos e nunca pensou que o peixe que comprou em julho no mercado local de São José, na Califórnia (EUA), e depois cozinhou, a deixaria sem braços e pernas. A tilápia, um peixe de água doce, tinha uma bactéria que entrou no organismo da mulher norte-americana e originou uma infeção bacteriana grave.
A mulher ficou contaminada com Vibrio vulnificus, uma bactéria conhecida por “devorar carne”. O agente patogénico encontrava-se no pescado comum em mares ou rios de água quente. Normalmente, não resiste às temperaturas elevadas da cozedura, mas o peixe ingerido não estava completamente cozinhado.
“Uma em cada cinco pessoas com esta infeção morre — por vezes, um ou dois dias após ficarem doentes”, alertou o Centro de Controlo e Prevenção de Doenças dos EUA. O caso de Laura foi detetado cedo, mas a mãe do pequeno Gael, de seis anos, não está fora de perigo, como revelou uma amiga da vítima, Anna Messina, quando relatou o caso na plataforma GoFundMe.
“Quase morreu. Neste momento, está em coma medicamente induzido, ligada a um ventilador. Os dedos ficaram pretos, os pés ficaram pretos, o lábio inferior ficou preto. Teve uma septicemia completa [uma infeção generalizada] e os rins começaram a falhar”, explicou a amiga. No entanto, os primeiros sinais de febre e indisposição chegaram logo após comer o peixe mal passado.
A norte-americana acabou por ficar um mês internada e “todos os seus membros tiveram de ser amputados para conseguirem salvar-lhe a vida”.
O caso de Laura não é único. A maioria das infeções por Vibrio vulnificus, que pertence à mesma família de bactérias que provocam a cólera, acontecem com alimentos contaminados. Esta pode aparecer sobretudo em meios de água quente, ou salobra, como caso de lagos e pode viver dentro do estômago do peixe.
Quando comemos peixe ou marisco contaminado, a probabilidade da bactéria passar para a nossa corrente sanguínea é alta. Daí até originar uma septicemia primária leva poucas horas.
A autoridade norte-americana alertou para “não comer ostras cruas ou mal cozinhadas ou outros mariscos” e recomendou a que se lave sempre as mãos, com água e sabão, após mexer em alimentos crus.
Não existe um tratamento específico para uma infeção bacteriana por Vibrio vulnificus. Normalmente os médicos administram antibióticos e, se houver fascite necrosante, poderá ser necessário recorrer à cirurgia ou até amputar o membro afetado para evitar que a infeção se espalhe, como aconteceu Laura Barajas.