“Tive o meu primeiro orgasmo durante uma relação sexual aos 38 anos”, afirmou Rachel Bilson, atualmente com 41 anos, há poucos dias. A atriz fez a revelação no seu podcast “Broad Ideas”, a 13 de março — e desencadeou uma avalanche de reações nas redes sociais. Muitos mostraram-se perplexos com o desabafo da norte-americana. Porém, trata-se de uma realidade partilhada por muitas outras mulheres.
Enquanto conversava com a também atriz Whitney Cummings, a protagonista de “The O.C” avisou que ia dizer algo inesperado. “Até ter deixado de tomar contracetivos orais, nunca tive um orgasmo através da penetração. Até os 38 anos, nunca tive um orgasmo com penetração. Mas podia fazê-lo com as mãos”, disse. A convidada não se mostrou surpreendida e acrescentou que teve uma experiência semelhante.
A psicóloga e sexóloga Marta Crawford explicou à NiT que existem muitos casos semelhantes aos relatados pelas atrizes. Aliás, são até relativamente comuns. “Há muitas mulheres que nunca tiveram um orgasmo, ou que não sabem identificá-lo”, clarificou. A segunda situação é, segundo a especialista, a mais comum e a culpa pode ser atribuída, em grande parte, à ficção. “O que vemos muitas vezes nas novelas e filmes é uma reação mais audível e física, em que a personagem acaba por gritar quando atinge o clímax”, descreve Marta, acrescentando que, na realidade. nem sempre é assim.
Um orgasmo é o pico da excitação sexual. Trata-se de uma reação natural e acontece quando os músculos que foram contraídos durante a excitação relaxam, explica a especialista. “O clímax é uma fase do ciclo de resposta sexual onde acontece uma descarga de tensão – e um prazer muito característico acompanha essa descarga”, refere.
Esta reação pode manifestar-se diferentes formas. “A alteração do cardíaco e respiratório, a ruborização e os espasmos são apenas algumas. Depois, cada pessoa pode experimentar diferentes perceções, umas mais intensas que outras. O leque de sensações pode ser tão vasto que muitas mulheres não conseguem associar aquilo que sentem a um orgasmo”, realça a sexóloga.
Despertas e preocupadas para o assunto, muitas portuguesas procuram ajuda junto de Marta Crawford, mas assim que começam a descrever as sensações, a sexóloga explica-lhes que podem efetivamente ter tido um orgasmo, simplesmente a reação do corpo foi menos efusiva do que pensavam que seria. Em parte, porque comparam o que sentem com as reações que se habituaram a ver nos filmes.
Por outro lado, há também existem mulheres que não conseguem efetivamente atingir o clímax. E há vários fatores que podem ter impacto nessa reação. “Um dos mais comuns é o facto de não explorarem, nem conhecerem o próprio corpo”, diz. E isto acontece, segundo a especialista, pelos diversos fatores que influenciam a a forma como se vive a sexualidade, tais como a educação, preconceitos associados a papéis de género, entre outros. “Existem muitas pessoas que ainda pensam que o sexo é apenas um momento para os homens e isto acaba por influenciar a vida sexual de muitas portuguesas.”
Como atingir o orgasmo
Marta Crawford explica à NiT que o processo começa sempre na mulher e na forma com explora o seu corpo e o seu próprio prazer. “Num dos casos que segui, a jovem não conseguia atingir o clímax e acreditava que o sexo era apenas aquilo, um momento de intimidade com o parceiro. Quando começou a fazer terapia sexual conseguiu encontrar uma forma de masturbação com a qual encontrava prazer. A partir daí passou a conseguiu chegar ao clímax, não só sozinha, como com o parceiro.”
Tal como existem várias formas de manifestação de um orgasmo, a forma para chegar lá também pode variar de pessoa para pessoa. Há quem goste de sentir pressão na zona pélvica, outras preferem a estimulação de pontos específicos, entre outras coisas. “Aquilo que pode estar a impedir a mulher de chegar ao clímax é simplesmente a capacidade de se deixar ir, ou seja, na maioria das vezes é um problema emocional e não fisiológico”, acrescenta.
Além de explorar o seu corpo e descobrir o que a estimula, é importante estar predisposta ao ato sexual, concentrada no momento e confiante em si e na relação. “Os complexos, o medo, os problemas do dia a dia, o stress, mas também a ideia de ter de viver o momento perfeito podem ser impeditivos de conseguir experimentar esta sensação.”
Um dos conselhos da sexóloga é para que as mulheres se toquem, de forma a descobrirem o que gostam. “Depois é só deixar-se ir e permitir-se a viver o prazer, de forma liberta.” Se ainda assim não conseguir, o melhor será procurar ajuda de um profissional da área.