Adaline Deal, uma menina de 12 anos residente no Indiana, Estados Unidos, não foi incluída na lista de transplantes de coração por não estar vacinada contra a Covid-19 e a gripe. A exclusão, que ocorreu no início deste mês, foi denunciada pelos pais adotivos ao jornal “The Cincinnati Enquirer”.
Nascida com duas doenças cardíacas raras, a anomalia de Ebstein — que provoca o mau funcionamento da válvula cardíaca — e a síndrome de Wolff-Parkinson-White — que causa taquicardias e arritmias — os pais sempre souberam que a filha iria precisar de um transplante. Adaline foi adotada em 2017, aos quatro anos, quando ainda residia na China.
Durante a última década, recebeu tratamento no Hospital Infantil de Cincinnati. Contudo, quando o processo de transplante foi iniciado, a instituição informou os pais que uma das condições exigidas aos candidatos a transplante é a vacinação. Contudo, Adaline não está vacinada contra a Covid-19 nem a gripe, e o hospital recusou-se a incluir a menina na lista de espera.

A família, que é cristã, mas não está ligada a nenhuma igreja específica, argumentou que a exigência do hospital vai contra as suas crenças religiosas. Eles acreditam que as vacinas não são seguras e que decidiram não vacinar a filha porque “o Espírito Santo colocou isso nos nossos corações”, revelou a mãe, Janeen Deal.
Pacientes com doenças graves, como Adaline, enfrentam um risco elevado de morte se contraírem a Covid-19, alerta a diretora clínica de transplante e doenças infecciosas do Hospital Geral de Massachusetts, Camille Kotton.
“O primeiro ano após o transplante é o período em que correm maior risco de infeção, mas estes pacientes apresentam um risco vitalício de doenças graves, e há casos de transplantados que continuam a morrer devido à Covid-19”, explicou ao jornal “The New York Post”.
A mãe de Adaline diz ter ficado surpreendida pelo facto de o hospital não abrir uma exceção por motivos religiosos. “Pensei: uau. Então, isto não é sobre a Adaline, mas sobre outra coisa. Definitivamente, não é sobre salvar a vida dela”, declarou Janeen ao “The Cincinnati Enquirer”.
O Hospital Infantil de Cincinnati não confirmou a retirada de Adaline da lista de transplantes, mas sublinhou a sua posição. “No Cincinnati Children’s, as decisões clínicas são guiadas pela ciência, pela investigação e pelas melhores práticas”, enfatizou o porta-voz, Bo McMillan.
“E adaptamos os planos de cuidados a cada paciente em colaboração com as suas famílias para garantir o tratamento mais seguro e eficaz”, acrescentou.
O médico de Adaline no Cincinnati Children’s explicou aos pais que a exigência de vacina do hospital segue as diretrizes do National Institutes of Health, por isso, consideram levar Adaline para outro centro de transplante – um que não exija que seja vacinada.
A mãe está confiante de que a filha e não terá problemas relacionados com a Covid-19 após o transplante de coração. No total, Janeen Deal e o marido têm 12 filhos, incluindo oito adotados. Entretanto, a família abriu uma angariação de fundos na plataforma GoFoundMe para conseguirem transferir Adaline para outro hospital.