Saúde

Mounjaro: o medicamento “potente e eficaz” para perder peso está a chegar a Portugal

O fármaco é muito aguardado pelos médicos porque irá "revolucionar" os tratamentos da diabetes e de excesso de peso.
O medicamento ficará disponível no início do ano.

“Estamos prestes a dar um passo importante no panorama da diabetes e obesidade em Portugal.” Esta é a perspetiva do endocrinologista João Jácome de Castro relativamente ao Monjouro, o medicamento que já demonstrou, a par do Ozempic e do Wegovy, ser eficaz na perda de peso e no controlo da glicémia.

O fármaco da Eli Lilly Nederland, B.V. foi aprovado pela União Europeia em setembro de 2022 e já se tornou assunto nas redes sociais, nos ginásios, nas comunidades fit e outros círculos sociais um pouco por todo o mundo. A substância injetável (vendida sob a forma de caneta) ajuda a reduzir o apetite e, como consequência, facilita a perda de peso. Porém, pode apresentar efeitos adversos e deve ser acompanhado pelo médico.

“O Mounjaro pertence a uma nova classe de medicamentos para tratar a diabetes e obesidade”, explica o também Presidente da Sociedade Portuguesa de Endocrinologia, Diabetes e Metabolismo (SPEDM). A grande diferença em comparação com o Ozempic (cuja substância ativa é o semaglutido) é que este novo fármaco é baseado na tirzapatida. Esta substância tem um duplo mecanismo de ação que ajuda a controlar a diabetes e contribui para a redução de peso, de forma “eficaz e segura”.

Isto é possível porque a molécula replica a ação de duas hormonas gastrointestinais em simultâneo: o GLP-1 e o GIP, que ativam recetores no
cérebro e também no pâncreas, contribuindo para a redução do apetite e do açúcar no sangue. Estas hormonas são produzidas no tubo digestivo e desempenham um papel fundamental na comunicação deste com o cérebro, o pâncreas, o fígado e o tecido adiposo. “São importantes reguladores da fome e saciedade, do consumo energético, e do processamento dos hidratos de carbono e lípidos.” Por este motivo, são fundamentais na gestão do metabolismo e determinantes no processamento dos açúcares e no armazenamento excessivo de gordura, as principais causas da diabetes tipo 2 e da obesidade.

Mais eficaz

A eficácia é um dos pontos disruptivos que torna este fármaco do fabricante Lilly uma das inovações mais esperadas neste campo da medicina. “Com o Saxenda registaram-se perdas médias de 8 por cento do peso, já com o Wegovy, temos perdas de 16 por cento e, agora com o Mounjaro, esperamos perdas médias superiores a 20 por cento do peso corporal”, explica o endocrinologista.

Trata-se de um fármaco que poderá “revolucionar o panorama” do tratamento da diabetes e da obesidade. Tal como o Ozempic o Wegovy é igualmente administrado por injeção subcutânea semanal. No entanto, a perda de peso obtida com a toma destes medicamentos pode em alguns doentes não ser permanente, ressalva o presidente da SPEDM: “Há pessoas que não recuperam o peso perdido, mas nem todos o conseguem”. Nestes casos, João Jácome de Castro assume que os doentes devem poder fazer “ciclos de tratamento periódicos” e em alguns casos será necessário um tratamento continuado, pois trata-se de uma doença crónica: a obesidade.

Associando uma grande eficácia na redução do açúcar e de peso corporal, “vemos esta nova classe com enorme satisfação e expectativa”. “Acreditamos e desejamos que o Mounjaro chegue a Portugal no início do próximo ano e que seja comparticipado para os doentes com diabetes. Gostaríamos muito que houvesse também comparticipação para certos casos de obesidade”, assume o
endocrinologista.

Os cuidados a ter com estes injetáveis

Sobre os efeitos secundários, o clínico explica que “são poucos, mas incómodos”. “Muitas pessoas podem experienciar náuseas ou vómitos repetidos, diarreias ou até obstipação, o que leva a que alguns pacientes não tolerem o tratamento.” A longo prazo, o especialista em endocrinologia sublinha que, como em qualquer processo de perda de peso, pode levar a “pedras na vesícula”.

Se o objetivo final da toma das injeções é concluir uma espécie de “operação biquíni” em tempo recorde, o especialista sublinha que é “preciso ter cuidado”, porque se de um fármaco com vários efeitos secundários. E só deve ser administrado quando for aconselhado pelos profissionais de saúde, “até porque exige um acompanhamento próximo”, frisa João Jácome de Castro.

Para além da comparticipação do fármaco para os doentes com diabetes, o endocrinologista assume que as sociedades científicas estão “a trabalhar para que o seja também para os doentes com obesidade”. Ainda não se conhecem os preços, mas espera-se, que sejam semelhantes ao do Ozempic, como tem acontecido nos restantes países. O Semaglutido da farmacêutica Novo Nordisk, existe em caixas de quatro doses, que custam 120€ e dão para um mês. No entanto, desde março de 2021, os doentes com diabetes só pagam 10 por cento deste valor, quando apresentam uma receita na farmácia.

É idêntico a uma caneta de insulina.

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