Saúde

Novo medicamento promete acabar com as overdoses de opioides

Em 2022, a dependência desta substância vitimou 100 mil pessoas só nos EUA. O objetivo é bloquear o efeito de prazer que causa.
É uma epidemia.

Há um novo medicamento que pode significar o princípio do fim da “epidemia de opioides” que assola os Estados Unidos há, pelo menos, duas décadas. O objetivo é prevenir as overdoses por fentanil, um opiáceo que ceifa milhares de vidas todos os anos no país.

Trata-se de uma substância analgésica potente, derivada da morfina, quando utilizado com fins recreativos, provoca um estado de euforia. Quem a experimenta, normalmente, adora a sensação e acaba a querer voltar a consumir vezes sem conta para voltar a sentir o efeito.

O bloqueio deste efeito é um dos objetivos do novo fármaco, avança um estudo publicado esta terça-feira, 5 de dezembro, na revista “Nature Communications”.

Uma quantidade elevada desta substância no organismo leva à diminuição da respiração, fazendo reduzir os níveis de oxigénio no sangue. Consequentemente, o risco de morte aumenta. Com base nesta premissa, uma equipa de investigadores da Cessation Therapeutics em San Diego, Califórnia (EUA), desenvolveu um medicamento para bloquear os efeitos do fentanil. Durante os testes, administraram 0,032 miligramas da droga por quilograma de peso corporal – uma dose potencialmente letal para humanos – a quatro macacos, todos os dias, durante quatro semanas. Depois injetaram uma dose do novo fármaco e repetiram o processo por mais um mês.

Durante o tratamento perceberam que os animais ficaram protegidos de alguns efeitos secundários como a diminuição brusca da respiração. Após o processo, precisaram de uma quantidade 15 vezes maior da substância, para terem “a mesma diminuição na respiração que tinham antes do medicamento”.

Os investigadores procuraram também bloquear os efeitos prazerosos do opioide: “Se conseguirmos bloquear a sensação de euforia produzida pelo fentanil, as pessoas vão deixar de usar, à medida que percebem que não está a fazer efeito”, disse Andrew Barrett, um dos autores citado pela revista “New Scientist”.

Não foram observados efeitos secundários causados pelo novo fármaco — que se demonstrou eficaz contra outros 15 compostos semelhantes. Porém, não funciona contra outros opioides (como a heroína ou oxicodona) uma vez que as estruturas dessas moléculas diferem das do fentanil.

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