Uma equipa constituída por cientistas de França, Irão e Estados Unidos partilharam um estudo na passada sexta-feira, 10 de março, onde afirmaram que um novo teste consegue detetar cancro na bexiga cerca de 12 anos antes de este ser mesmo diagnosticado. O UroAmp, assim se chama, deteta mutações em cerca de dez genes.
Os investigadores acompanharam mais de 50 mil participantes ao longo de 12 anos, e todos forneceram uma amostra de urina quando se inscreveram no programa. Do grupo de voluntários, 29 foram diagnosticados com cancro da bexiga, e o teste previu corretamente que 66 por cento deles desenvolveriam aquela patologia.
“Identificámos quais são as mutações genéticas mais significativas e que podem levar ao desenvolvimento de cancro no espaço de dez anos“, explica Le Calvez-Kelm. “Se os resultados forem replicados em grupos maiores, testes à urina podem-se tornar rotineiros para grupos de alto risco, nomeadamente fumadores e pessoas expostas a cancerígenos da bexiga devido ao seu trabalho”, explica Florence Le Calvez-Kelm, um dos responsáveis pelo estudo.
O cancro na bexiga é o quinto mais comum na União Europeia, com mais de 200 mil novos casos por ano. Apenas metade dos diagnosticados com o tumor numa fase avançada vivem mais de cinco anos após a descoberta da doença. Isto acontece principalmente devido ao diagnóstico tardio. Por outro lado, se for detetado numa fase inicial, mais de 80 por cento dos pacientes vive durante mais de meia década.
“Os diagnósticos do cancro na bexiga são caros e invasivos, recorrendo a uma cistoscopia que insere uma câmara na bexiga. Um simples teste de urina que possa diagnosticar e prever a probabilidade do desenvolvimento de cancro, ajudaria a detetá-lo mais cedo, evitando operações em pacientes saudáveis”, acrescenta.