Os anúncios de Natal que passam na televisão já fazem parte da magia da quadra. Este ano, a Vodafone escolheu a saúde mental como mote para a sua campanha natalícia. As imagens foram para o ar na televisão esta segunda-feira, 5 de dezembro, e rapidamente se tornaram virais nas redes sociais.
“Partilha o que estás a sentir” é o nome da campanha que convida à reflexão sobre o tema da depressão e da saúde mental na sociedade portuguesa. O vídeo com três minutos conta a história de um jovem que está claramente triste e abatido. Porém, uma simples chamada de uma desconhecida acaba por salvá-lo do abismo.
O rapaz, interpretado pelo ator Miguel Amorim, encontra-se numa zona isolada da cidade de Setúbal enquanto corre para a praia com o objetivo de ficar sozinho. Quando está perto do mar ouve um telemóvel a tocar. Apercebe-se de que não é o seu, mas decide atender à mesma. Do outro lado está uma rapariga, interpretada por Madalena Almeida, que lhe explica que perdeu o telemóvel. Pelo meio, pergunta ao rapaz onde está, e este diz-lhe que está “a dar uma volta”. “Hoje? Mas hoje é Natal. Não devias estar em casa?”, ouve-se do outro lado. A cena passa-se ao som da comovente música “Control”, de Zoe Wees, lançada em 2020.
A jovem prontifica-se para se encontrar com ele para reaver o telemóvel, oferecendo-se para falarem durante o caminho. No final, encontram-se e agradecem um ao outro. O jovem volta para casa, onde é abraçado pelo pai e admite finalmente que precisa de ajuda. “Se estás a viver um problema de saúde mental, dá o primeiro passo”, incentiva a Vodafone, com a hashtag #PartilhaOQueEstásASentir.
A importância da sensibilização
Os portugueses estão cada vez mais atentas à importância da saúde mental. “Não é por acaso que surgem quase todos os dias informações de pessoas que são referências para outros, como o caso de figuras públicas, que revelam que fazem terapia e que são acompanhados por um profissional de saúde mental”, diz à NiT o psicólogo Fernando Mesquita, sobre o impacto que este anúncio está a ter. E continua: “Esta é mais uma forma de sensibilizar as pessoas para estarem atentas aos sinais que têm e de darem um primeiro passo para pedirem ajuda. É isso que a campanha também faz”.
Neste tipo de anúncios, o foco acaba por estar sempre nas alterações de humor, como a depressão. “Mas a saúde mental não é só isso. Há outros aspetos que são importantes referir como a ansiedade e distúrbios obsessivos para os quais as pessoas não estão tão alertas. Mas é um passo importante que estamos a dar e que abre portas para a comunicação sobre o tema”, refere Fernando Mesquita.
De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), globalmente, uma em cada oito pessoas vive com uma perturbação mental. A pandemia da Covid-19 e a subsequente crise económica provocaram um aumento progressivo dos problemas desta ordem, com maior incidência de stress, ansiedade e depressão. Estima-se que a depressão, uma das perturbações mentais mais comuns, afete 5 por cento da população adulta em todo o mundo, sendo considerada globalmente a maior causa de incapacidade.
O papel das redes sociais
O vídeo foi amplamente partilhado nas redes sociais em Portugal ao longo dos últimos dias. O especialista refere que este movimento é ainda mais importante do que o próprio anúncio televisivo. “Desta forma, acaba por chegar a mais gente e é mais fácil conseguir ajudar um amigo ou um conhecido que sabemos que possa estar a passar por dificuldades”.
Este era também um dos objetivos da empresa quando escolheu o tema para a campanha de Natal. “Queremos que os indivíduos que sofrem com problemas do foro mental sintam que não estão desacompanhados na sua caminhada, assim como o protagonista do anúncio”, refere a Vodafone.
A operadora de comunicações NOS também apostou neste tema para a sua comunicação natalícia. “Neste Natal, ofereça atenção” é o mote da campanha, que pretende sensibilizar os espectadores para o impacto que uma simples mensagem ou chamada pode ter na vida de alguém que se sente só.
Fernando Mesquita alerta que a solidão pode ser a causa ou uma consequência das patologias do foro mental. Por isso, é também fundamental encaminhar para os profissionais especializados todas as pessoas que possam indicar sintomas deste género.