O diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, alertou esta segunda-feira, 18 de janeiro, para os perigos da falta de apoios aos países mais pobres para fazerem face à pandemia de Covid-19.
“Tenho de ser franco: o mundo está à beira de um fracasso moral catastrófico, e o preço deste fracasso será pago com vidas e o sustento nos países mais pobres”, alertou, durante a abertura da 148.ª sessão do Conselho Executivo da OMS.
Para sublinhar a ideia, explicou que 39 milhões de vacinas contra a Covid-19 já foram administradas em pelo menos 49 países ricos, enquanto nos países mais pobres o número fica pelas 25 doses em apenas um país.
O facto de existirem casos de “alguns países e farmacêuticas a priorizarem acordos bilaterais” estará, de acordo com o diretor-geral da OMS, a colocar em risco o acesso equitativo às vacinas, prometido inicialmente pelos países mais ricos. Além disso, alguns países estarão ainda a tentar contornar a Covax, rede mundial de distribuição das vacinas, “elevando os preços e tentando saltar para a fila da frente”.
“A situação é agravada pelo facto de a maioria dos fabricantes ter priorizado a aprovação regulatória nos países ricos, onde os lucros são mais altos, em vez de submeter dossiês completos à OMS”, alerta Tedros Adhanom Ghebreyesus.
Além de “errado”, todo este procedimento por parte dos mais ricos poderá fazer com que a pandemia se prolongue, como faz questão de chamar à atenção. Este é um “imperativo estratégico e económico”, além de moral, lembrou, apelando a que os países “trabalharem juntos, em solidariedade”.
Aos países mais ricos, o diretor-geral da OMS deixou o pedido para que sejam mais transparentes com a Covax e que, em caso de terem acordos bilaterais, partilhem as suas doses com a organização: “Não é correto que adultos mais jovens e saudáveis em países ricos sejam vacinados antes de profissionais de saúde e idosos em países mais pobres”.
Os dois milhões de doses de vacinas — com opção de outros dois milhões — reservados pela OMS para os países mais pobres deverão começar a ser entregues em fevereiro. Até 7 de abril, quando se assinala o Dia Mundial da Saúde, Tedros Adhanom Ghebreyesus quer que a vacinação esteja a acontecer em todos os países do mundo, como forma de “esperança de superar a pandemia e as desigualdades que estão na raiz de tantos desafios globais de saúde”.