Quando estamos frente a um prato com aspeto delicioso, uma das piores desilusões que podemos ter é provarmos uma garfada e percebemos que está insosso. O sal é um daqueles temperos que nunca faltam na cozinha, porém, quando usado em demasia, pode tirar anos de vida.
Apesar de ser considerado essencial, o sódio presente no sal faz subir proporcionalmente a pressão arterial, o que aumenta o risco de doenças cardíacas, de AVC (acidente vascular cerebral) e morte prematura. É também o principal fator de risco em mortes relacionadas com a dieta e nutrição e têm surgido provas que o relacionam com o desenvolvimento de cancros gástricos, obesidade, osteoporose e doença renal.
Estima-se que a ingestão média de sódio em todo o mundo é de 3950 miligramas por dia. Contudo, o máximo recomendado a adultos pela Organização Mundial da Saúde (OMS) é de 2000 miligramas por dia (o que equivale a menos de cinco gramas de sal ou uma colher de chá). Segundo o relatório publicado pela OMS, em Portugal, a média da ingestão de sódio é de 3512 miligramas por dia, ou seja, 8,9 gramas de sal.
O elevado consumo deste mineral levou a que a OMS estabelecesse, em 2013, uma meta global para a redução de ingestão de sal em 30 por cento até 2025. Perto da data limite, a organização revelou, num ponto de situação divulgado esta quinta-feira, 9 de março, que o mundo não está no caminho certo para atingir os objetivos propostos.
“Este relatório mostra que a maioria dos países ainda não adotaram qualquer política obrigatória de redução do sódio, deixando as suas populações em risco de sofrerem ataques cardíacos, AVC e outros problemas de saúde”, adianta.
O documento frisa também o apelo da agência para a saúde da ONU para que todos os países implementem medidas para a redução de ingestão de sal e para que os produtores sigam “os parâmetros de referência da OMS para o teor de sódio nos alimentos”.
Diminuir o consumo de sal é uma das maneiras mais económicas de melhorar a saúde e a aplicação de medidas nesse sentido “poderia salvar sete milhões de vidas em todo o mundo até 2030”.
O relatório da OMS revela que até outubro de 2022 “apenas nove países — Arábia Saudita, Brasil, Chile, Espanha, Lituânia, Malásia, México, República Checa e Uruguai — tinham um pacote abrangente de políticas recomendadas para reduzir a ingestão de sódio”.
Portugal faz parte do grupo seguinte, o segundo melhor, do qual fazem parte 43 países membros da OMS que têm medidas obrigatórias para reduzir o sal nos alimentos e incentivar os consumidores a fazerem escolhas alimentares mais saudáveis.
Estabelecer metas para a quantidade de sódio em alimentos e refeições; limitar a compra de alimentos ricos em sal ou sódio por parte de instituições públicas, como hospitais e escolas; exigir que os rótulos de embalagens contenham informação correta e realizar campanhas sobre a mudança de comportamentos e a redução do consumo de sal são algumas das medidas recomendadas pela OMS aos governos.
Carregue na galeria e tome nota de quatro receitas deliciosas — e que não têm sal na lista de ingredientes.