Ao longo da vida, um em cada seis homens irá ser diagnosticado com cancro da próstata. Em 2020, houve cerca de 67 mil novos casos em Portugal, apesar de os diagnósticos terem diminuído durante a pandemia — uma situação que deverá elevar o número de mortes a médio/longo prazo. Os tratamentos para a doença envolvem radioterapia ou cirurgia para remover a próstata, o que pode causar problemas com incontinência e perda da função sexual.
No entanto, poderá haver um novo tratamento com menos efeitos secundários e que demora apenas uma hora em bloco operatório, não havendo necessidade de os pacientes sequer pernoitarem no hospital. O novo tratamento utiliza correntes eléctricas para destruir tumores de difícil acesso. A cirurgia, chamada Nanoknife, tem sido apelidada de “espantosa, simples e rápida” por vários médicos cirurgiões.
Em comparação com as terapias tradicionais, a Nanoknife oferece uma possibilidade reduzida de efeitos secundários e pode ser realizada mais rapidamente. As primeiras seis operações deste género já foram realizadas no NHS (serviço nacional de saúde do Reino Unido) por cirurgiões do Hospital Universitário de Londres.
Mark Emberton, um dos principais cirurgiões da próstata do Reino Unido, disse ao jornal “The Daily Telegraph”: “É um tratamento espantoso, tão rápido, e significa que podemos alcançar tumores que não conseguimos anteriormente.” Esta operação utiliza uma técnica chamada electroporação irreversível para administrar impulsos eléctricos no tumor, cortando a membrana das células de uma forma muito menos invasiva do que os tratamentos normais, o que significa que há menos riscos para os órgãos e tecidos circundantes.
Alistair Grey, o urologista consultor que conduziu as primeiras operações, disse ao mesmo órgão de comunicação social britânico: “O que é excitante neste tratamento é a sua precisão em atacar as células cancerígenas sem danificar tecidos saudáveis, e manter as funções importantes da próstata”.
“Em momentos como este, quando o NHS está sob grande pressão, esta cirurgia evita a necessidade de pernoitar no hospital e significa que podemos utilizar as nossas salas de operações de forma mais eficiente”, acrescentou o professor Emberton.
Neil Gershon foi um dos seis homens a serem operados neste procedimento experimental. Segundo o próprio, ficou convencido pelo “facto de a hipótese de danos colaterais ser muito reduzida”. Recordando a sua experiência, continuou: “Tudo foi feito num dia. Quando a anestesia geral desapareceu, senti-me bem e sem qualquer dor. Não podia ter corrido melhor.”
Vários especialistas ingleses estão agora a pedir que a nova técnica seja testada para tratamento de outro tipo de cancros.