Federico Carboni tinha 44 anos e não se conseguia mexer há mais de uma década. O italiano, natural de Senigália, ficou tetraplégico após um grave acidente que mudou drasticamente a sua vida.
Depois de uma batalha judicial que se arrastou dois anos nos tribunais italianos para conseguir autorização para o suicídio assistido, “Mário”, nome dado inicialmente para manter o anonimato, morreu esta quinta-feira com recurso à eutanásia. Foi o primeiro italiano a morrer através de uma injeção letal no país.
A droga utilizada custou cinco mil euros e foi adquirida pelo próprio Federico, graças a uma angariação de fundos organizada pela associação Luca Coscioni, que defende a legalização da eutanásia. Foi também o próprio doente a administrar a injeção, com o único dedo que conseguia mexer.
Ainda antes da injeção letal, Federico Carbono, tetraplégico há 12 anos, deixou uma carta de despedida. “Não nego que lamento dizer adeus à vida, seria falso e mentiroso se dissesse o contrário, porque a vida é fantástica e só temos uma. Mas, infelizmente, aconteceu assim. Fiz tudo para ser capaz de viver o melhor possível e tentar recuperar o máximo possível da minha deficiência, mas agora estou exausto a nível mental e físico”, escreveu o italiano na carta que entregou à associação, citado pelo “Notícias ao Minuto”.
È morto “Mario”, Federico Carboni, 44enne di Senigallia: “La vita è fantastica, ma la sofferenza è troppa. Orgoglioso di aver scritto un pezzo di storia” https://t.co/SICjfPiGNn
— Associazione Luca Coscioni (@ass_coscioni) June 16, 2022
“Não tenho o mínimo de autonomia na vida quotidiana, estou à mercê dos acontecimentos, dependo dos outros para tudo, sou como um navio à deriva no oceano. Estou consciente das minhas perspetivas futuras e da minha condição física, por isso estou totalmente calmo quanto ao que vou fazer. Com a associação Luca Coscioni, defendemo-nos atacando, e atacamos defendendo-nos. Fizemos jurisprudência e um pedaço de história no nosso país, e sinto-me orgulhoso e honrado por ter estado ao vosso lado. Agora, estou finalmente livre para voar para onde quiser”, lê-se na carta.