A vacinação prossegue em Portugal. Espera-se que a 14 de agosto já possam começar a ser vacinados jovens a partir dos 16 anos e há cada vez mais sinais que dão conta da importância da vacinação, como deram conta especialistas na reunião do Infarmed desta terça-feira, 27 de julho.
A mesma reunião, no entanto, debruçou-se a dada altura sobre um inquérito que abordava especificamente a perceção de portugueses sobre a vacinação, nomeadamente de quem não foi ainda vacinada. Seja por não o querer, seja por ainda não se ter decidido a fazê-lo.
Numa apresentação conduzida por Carla Nunes, da Escola Nacional de Saúde Pública da Universidade Nova de Lisboa, os dados debruçaram-se sobre sete questões em particular, com os inquiridos divididos por faixas etárias.
“É na faixa etária mais ativa que neste momento se identifica a maior resistência”, realça a especialista, que especificou em particular a faixa etária dos 46 aos 65 anos.”É uma resistência mais clara nesta faixa”, aponta.
Entre os dados gerais, os dois argumentos mais apontados foram “sente que não tem informação suficiente” (57 por cento ) ou “tem receio de desenvolver efeitos secundários (50 por cento). Mas há mais dados a retirar, nomeadamente nas diferenças entre faixas etárias.
Entre quem já teve Covid-19 e acha que não precisa, o destaque vai para a faixa etária acima dos 65 anos, com 25 por cento, muito à frente da faixa etária seguinte, dos 46 aos 65 (com 8,6 por cento). Quando a questão é se as pessoas sentem que não têm informação suficiente, os dados variam entre os 48 por cento (na faixa dos 46 aos 65 anos) e os 65,1 por cento (na faixa dos 26 aos 45 anos).
Quando o receio para a não vacinação são potenciais efeitos secundários, a faixa dos 16 aos 25 está nos 50 por cento, a dos 26 aos 45 nos 55,8 por cento. A faixa etária onde esta é a razão menos apresentada é dos 46 aos 65 anos (40 por cento) e onde é a razão a mais apresentada é acima de 65 anos (75 por cento).
Os dados sobre quem prefere ganhar imunidade de forma natural são muito próximas entre as diferentes faixas etárias (sempre na ordem dos 20 a 25 por cento). Já os dados sobre quem acha que estas vacinas não são eficientes são bem mais divergentes: 25 por cento na faixa dos 16 aos 25 e na de acima dos 65 anos, 34,9 por cento na dos 26 aos 45 e 51,4 por cento na dos 46 aos 65 anos.
Há também dados interessantes entre inquiridos que acreditam que a Covid-19 não será perigosa para eles próprios. Ninguém na faixa etária acima dos 65 anos defende a apresenta como razão. Apenas 14 por cento nas diferentes faixas etárias defendem a apontam como razão nas restantes faixas etárias (26 aos 45 e dos 46 aos 65). A exceção é na faixa dos 16 aos 25, onde a razão foi apontada por um cada quatro inquiridos.
Finalmente, entre quem apresenta como razão o simples facto de não acreditar de todo em vacinas, os números são bastante mais marginais. Apenas 5,7 por cento, dos 46 aos 65 anos, argumenta com esta ideia.