Depois de reforçar os dados do impacto da pandemia de Covid-19 em Portugal nas últimas 24 horas — 452 novos casos, 311 mortes e 140 recuperados —, o secretário de estado da Saúde avançou na conferência desta segunda-feira, 6 de abril, que 86,6 por cento dos doentes estão a ser tratados em domicílio e 9,4 em internamento, sendo que 2,3 por cento estão em unidades de cuidados intensivos.
“Nesta fase decisiva da nossa luta coletiva, importa salientar que Portugal continua a aumentar o número de testes“, referiu António Lacerda Sales.
Desde 1 de março, foram realizados cerca de 110 mil testes de diagnóstico. A capacidade instalada é de 11 mil testes por dia, — sete mil no público e quatro no privado. Além disso, há testes realizados em universidades.
“Portugal tem uma testagem de cerca de 10.500 amostras processadas por milhão de habitantes, o que está em linha ou até acima de países como Suécia, Dinamarca e não muito longe de Itália”, acrescentou.
Segundo António Lacerda Sales, Portugal está “numa fase em que há garantia de alguma estabilidade nas compras e na previsão de entrega de encomendas”. Avançou, inclusive, que vão chegar 500 ventiladores esta semana e mais 500 na próxima. Esta segunda-feia estão também a ser distribuídos 144 por hospitais de norte a sul do País, de acordo com as necessidades.
Os mitos sobre “soluções milagrosas” e a importância de manter uma alimentação saudável
A conferência continuou com uma intervenção da bastonária da Ordem dos Nutricionistas, Alexandra Bento, que quis acabar com os mitos que circulam nas redes sociais.
“Não existem nem superalimentos nem suplementos capazes de prevenir ou até mesmo combater a Covid-19 através do fortalecimento do sistema imunitário”, fez questão de dizer. Acrescentou que devemos, sim, manter uma alimentação equilibrada, fazendo referência ao manual que a Direção-Geral da Saúde (DGS) lançou recentemente sobre o tema.
No entanto, reforçou que se devem privilegiar os alimentos frescos em detrimento de alimentos com muito sal, gordura ou açúcar. “Os hortícolas e frutas frescas, crus ou cozinhados, devem ser a base” das refeições. Relembrou, ainda, a importância da higiene na preparação, manipulação e confeção dos alimentos.
“Temos todos de lutar contra esta doença contagiosa”, disse, recordando que isso não significa deixa surgir outras neste período, com a obesidade e a Diabetes.
As máscaras, os cuidados intensivos e a curva da mortalidade
Sobre o parecer pedido pela DGS sobre a utilização das máscaras, Graça Freitas disse “continuamos alinhados, à data – sublinho, à data – com as recomendações da Organização Mundial da Saúde”e do Centro Europeu de Doenças Transmissíveis”.
Sem responder à questão sobre se vai haver ou não máscaras para todos os portugueses, a preços acessíveis, a diretora-geral da Saúde referiu que espera receber orientações sobre a utilização do equipamento e que só depois terá respostas para da. “Teremos de aguada mais uns dias”, referiu.
Confrontados com a hipótese de escolher quem morre ou quem sobrevive nos cuidados intensivos, o secretário de estado da Saúde recordou que têm aumentado a capacidade ventilatória e que estão atentos à situação, assim como preocupados, destacando a entrega de ventiladores que está a ser feita esta segunda-feira. Mas, garante: “Teremos capacidade para fazer face a uma situação menos boa.” “A preocupação é do bastonário da Ordem dos Médicos, de todos os profissionais de saúde e do governo. Estamos a fazer todos os esforços”, acrescentou.
Sobre época gripal e o aumento da mortalidade em março, não estando relacionada com Covid-19, Graça Freitas justificou que foi relativamente baixa durante o inverno. Garantiu, contudo, que continuam a se assegurados quer nos hospitais, quer nos centros de saúde, todos os recursos de resposta aos utentes.
“Acompanhamos e temos duas linhas de atuação: garantir que os nossos profissionais de saúde não estão todos dedicados ao Covid. E, por outro lado, temos apelado às pessoas que não se deixem amedrontar pelo Covid e continuem a procurar assistência médica para doenças crónicas ou agudas”, disse a diretora-geral da Saúde.
O plano de recuperação e a prioridade nos testes
Sobre a redução do acompanhamento de doentes não-urgentes, o cancelamento ou adiamento de consultas, exames complementares de diagnóstico e cirurgias, a tutela já está a preparar um plano para regressa à “normalidade”.
“Estamos a preparar um plano de futuro para toda a atividade assistencial que agora diminuímos e termos de acelerar na fase pós-Covid”, disse António Lacerda Sales.
Graça Freitas continuou a conferência e referiu que os testes têm estado a chegar onde eles são necessários. “Como sabem, a principal preocupação é pessoas que tenham sintomas mesmo que tenha sintomatologia mínima. Se há assimetrias regionais, tem a ver com o mapa da distribuição da doença, que tem zonas mais afetadas e menos afetadas”, disse.
Sobre a necessidade de realizar testes a pessoas que já foram infetadas há mais tempo para aumentar o conhecimento sobre a doença e sobre a possível imunidade, explicou que as pessoas podem estar clinicamente recuperadas, deixar de ter sintomas depois de duas ou três semanas, mas continuarem a ser portadoras do vírus e transmiti-lo. Portanto, podem ser feitos testes nesse sentido.