Com a chegada do frio e dos primeiros resfriados do ano, muitos de nós somos transportados até à infância e ao cheiro de uma das mézinhas preferidas das nossas mães ou avós: aplicação de uma espessa camada de um conhecido gel mentolado no nariz ou no peito — e havia até quem o colocasse nos pés. Para os mais esquecidos, este é um medicamento — cujo nome comercial é Vicks Vaporub — que contém na sua fórmula mentol, cânfora e óleo de eucalipto.
Mas será que é benéfico para a saúde? A NiT falou com a pediatra Sara Aguiar, co-autora do blogue Bê-á-bá da Pediatria, que começou por alertar que “nenhum pediatra aconselha o uso de Vicks Vaporub porque os efeitos do medicamento não estão bem estudados e comprovados”.
Além da pouca informação que existe sobre este remédio, outro problema que pode surgir são “reações alérgicas por ser feito à base de plantas e que pode desencadear crises de falta de ar e rinites”, explica a pediatra. Crianças que sejam expostas ao fármaco podem até ter alguma alergia a um dos componentes, sem que os pais saibam. “No fundo, estamos a recorrer a algo que pode agravar ainda mais os sintomas respiratórios”, afirma.
Além das alergias e do agravamento de sintomas respiratórios, o uso deste medicamento pode levar a uma intoxicação porque “a dose não é controlada”, conta Sara Aguiar. A médica explica que “nas crianças é importante controlar as dosagens de todos os medicamentos. No entanto, muitas pessoas exageram na aplicação do gel que a pele absorve bastante. O que significa que os miúdos podem acabar por ser expostos a doses muito elevadas.”
Mas se não devemos usar este medicamento, como podemos tratar os sintomas de nariz entupido, expectoração e tosse dos nossos filhos? “Na maioria dos casos, aconselhamos a fazer uma lavagem adequada do nariz “, diz a médica.
A compra do Vicks Vaporub não requer a apresentação de receita médica e, por essa razão, não há um controle assim tão apertado sobre quem o usa e em que casos o faz. Mas como qualquer medicação, “deve ser dirigida a um sintoma específico e não devemos recorrer a um genérico sem sabermos o que estamos efetivamente a tentar fazer”, alerta Sara Aguiar.