Saúde

Se puder, não saia de casa. O que deve fazer para evitar o ar perigoso dos incêndios

Evitar atividades ao ar livre e manter janelas fechadas são algumas das recomendações, sobretudo para doentes, crianças e idosos.

Quatro mortes, muitas casas destruídas e um ar irrespirável que paira sob quase toda a região norte. É assim que se resume o segundo dia de violentos incêndios que continuam a propagar-se pelo País e que afetam a vida de milhões de portugueses. As chamas fazem-se sentir sobretudo em Aveiro, Coimbra, Viseu, Vila Real, Braga e Porto, sendo que autoestradas principais como a A1 e a A25 mantêm-se cortadas.

Os efeitos dos incêndios sentem-se muito para lá dos focos. A contínua combustão tem elevado até aos céus nuvens de cinza que se propagam a muitos quilómetros de distância. E as cidades vizinhas acordaram esta terça-feira, 17 de setembro, com o ar pesado e um cheiro intenso a fumo. Também por isso, as autoridades recomendam que devem ser evitadas atividades ao ar livre e que as casas devem ficar bem seladas, com portas e janelas fechadas.

“A região norte encontra-se em Risco Extremo de Incêndio, sendo que podem causar um aumento da concentração de partículas no ar. Neste contexto, especialmente severo nos distritos de Braga, Porto e Aveiro, estima-se que a presença de fumo de incêndio possa causar um aumento da concentração de partículas PM10 e PM2.5”, alerta a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte, que aponta para as recomendações da Proteção Civil em casos do género.

As autoridades pedem que doentes crónicos, idosos e crianças se resguardem e permaneçam no interior das habitações com portas e janelas fechadas. Sendo inevitável a saída, devem ser usados máscaras e respiradores N95. Pede-se também que não sejam usadas fontes de combustão no interior das casas.

De acordo com Ana Moreto, imunoalergologista do Centro Hospitalar do Baixo-Vouga, em Aveiro, a afluência aos hospitais nesta zona do País tem sido maior por causa dos efeitos do fumo, explica em entrevista à TVI: “Qualquer pessoa pode estar exposta e ter sintomas e necessidade de tratamento com esta quantidade elevadíssima de concentrações tóxicas”, nota.

“O fumo resulta da combustão de matérias orgânicas e um conjunto suspenso no ar de partículas e gases tóxicos; o contacto com o nariz e garganta provocam sintomas irritativos como lágrimas, obstrução nasal, rinorreia, dores de garganta. E quando há inalação de fumo, nas vias respiratórias superiores e inferiores, começa a tosse irritativa, a dificuldade respiratória. Se as concentrações são muito elevadas, que é o que está a acontecer, pode haver danos nas células respiratórias, o que pode evoluir para uma insuficiência respiratória aguda e casos de morte.”

De acordo com a especialista, deve ser evitado ao máximo o “contacto com fumo dos incêndios, atividades ao ar livre e saídas desnecessárias”. “Deve manter-se o isolamento de portas e janelas, mantendo o ar fresco com ajuda do ar condicionado em modo de recirculação; e quem sair em zonas com grande concentração, como acontece em Aveiro, deve usar máscaras respiratórias.”

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