Todos temos um amigo ou já ouvimos falar de alguém que fez um tratamento para deixar de fumar com choques nas orelhas. Parece algo absurdo, mas não é. O tratamento está reconhecido pela Organização Mundial de Saúde como uma terapia alternativa complementar e que, de facto, apresenta bons resultados.
É um tipo de tratamento que estimula as áreas do cérebro responsáveis pela ansiedade, pelo stress e pela irritabilidade, as mesmas do desejo de fumar, por exemplo. A auriculoterapia francesa tem base na Medicina Tradicional Chinesa e pode ser direcionada para várias mudanças no corpo humano, como aliviar o stress ou deixar de fumar. É assim o método Viver Sem Fumo.
Cristiana Machado é uma das pioneiras neste tratamento em Portugal e explica que o procedimento consiste em mapear o pavilhão auricular e perceber que determinadas zonas da nossa orelha estão diretamente ligadas ao córtex cerebral. “Procuramos os pontos da ansiedade, stress e irritabilidade, que normalmente estão associados à vontade de fumar”, diz a terapeuta à NiT.
No entanto, todo o tratamento é inteiramente personalizado e terá de ser associado aos hábitos comportamentais de cada pessoa — nível de dependência, quando é que fuma, há quanto tempo é que o faz ou até em que situações é que sente mais vontade de fumar.
“Para impulsionar a eficácia do tratamento temos de identificar os impulsos que desencadeiam este vício em cada pessoa”, acrescenta Cristiana.
O tratamento custa 150€, demora entre 10 a 15 minutos e deixa imediatamente serenidade e estranheza ao sabor e ao cheiro do tabaco no fumador. “Numa primeira sessão, normalmente deixa-se de fumar. Caso haja alguma recaída, há necessidade de fazer um reforço do tratamento”, afirma a terapeuta.
Cada pessoa tems os pontos no mapeamento do campo auricular mais ou menos inflamados. Ou seja, se a pessoa for mais nervosa, vai ter certos pontos mais inflamados; no caso de ser fumadora há vários anos, a terapeuta consegue também perceber isso través do mapeamento. “Depois de mapeado, são aplicados os eletroestímulos que vão sobrecarregar certos neurotransmissores, habituando o cérebro à inexistência da necessidade da nicotina”, diz Cristiana.
Ainda assim, o tratamento é mais eficaz quando os fumadores estão determinados a acabar com o vício do tabaco, uma vez que têm de ter bastante força de vontade para não sofrer uma recaída. “A dependência física, vou conseguir tratar. Mas a dependência psicológica depende muito da própria pessoa”, afirma Cristiana Machado.
Cada indivíduo que seja fumador há 20 anos demora, em média, 15 anos a desintoxicar o organismo. Com este tipo de tratamento consegue acelerar-se esse processo. Os reforços do tratamento serão necessários mediante os anos que a pessoa for fumadora e ainda a atividade neuronal de cada um.
Independentemente de ter deixado por completo de fumar, convém sempre fazer alguns reforços para ajudar o corpo a desintoxicar mais rapidamente.
“O objetivo é que deixe de fumar logo na primeira sessão, mas o reforço é benéfico não só pela questão da desintoxicação do organismo, mas também para acalmar o sistema nervoso central”, conlui a terapeuta.