Saúde

Sofia Ribeiro: “A minha doença veio por me ter calado tanto” — haverá uma causa direta?

A atriz revelou que foi traída por Rúben da Cruz e que ter-se calado influenciou o aparecimento do seu cancro da mama, em 2015.
A atriz namorou com o Dj em 2013.

Num longo desabafo publicado nas stories no passado sábado, 26 de fevereiro, Sofia Ribeiro revelou que, à semelhança da atual companheira do DJ, Filipa Falcão — também ela foi traída por Rúben da Cruz. Segundo a própria, uma das consequências de todo o sofrimento que passou foi o aparecimento da sua doença. A atriz lutou contra um cancro de mama que descobriu em 2015, após terminar a relação.

“A Filipa para chegar a este dia, precisou de uma coragem que eu não tive e calei-me demasiado tempo por medo. Por não querer escândalos, por toda a dor que aquilo me causou”, contou ainda, recordando a seguir a fase em que lutou contra um cancro da mama: “Felizmente as coisas que eu vivi logo a seguir [em 2015] – fiquei seriamente doente, como vocês sabem – vieram para me ajudar a mudar o meu foco. Que sou eu, a minha saúde, isto é o que realmente importa. Mas a minha doença veio por me ter calado tanto, por não ter gritado, por não ter exposto”.

A relação entre sentimentos negativos, como o pessimismo, e o surgimento de doenças já está bastante estudado. “Há pesquisas que nos demonstram que pessoas casadas têm tendência a adoecer menos do que pessoas solteiras”, dá como exemplo Maria Pedro Sobral, psicóloga da Clínica da Mente. E continua: “Por via indireta, o nosso bem-estar psicológico impacta o nosso bem-estar físico”.

Ter uma rede social de apoio, ou seja, amigos e família, faz com que nos sintamos mais protegidos caso nos aconteça alguma coisa e isso dá-nos outro ânimo para enfrentar os problemas diários. Além disso, também influencia a forma como nos sentimos. “Ter esta ‘vila’ acaba por nos proteger de alguns fatores de risco, porque nos sentimos acompanhados”, acrescenta a especialista em psicologia.

“Os pensamentos positivos são melhores preditores de melhores diagnósticos”, refere a psicóloga. Ou seja, uma atitude positiva é uma das variáveis que contribuem para que o tratamento seja mais eficaz — mas não significa que seja determinante.

Por outro lado, os pensamentos negativos podem aumentar alguns componentes químicos, nomeadamente o cortisol, que é conhecido como a hormona do stress. “Este tem impacto, indiretamente, no funcionamento do organismo. O que indica que o nosso estado psicológico tem impacto na nossa saúde e pode influenciar o aparecimento de doenças”, conclui Maria Pedro Sobral.

Da mesma forma, “a ansiedade e a depressão afetam o nosso sistema imunológico e, por isso, ficamos mais suscetíveis a apanhar doenças e a desenvolver certas patologias, como o cancro”, explica a psicóloga. Porém, embora admita que possa haver uma ligação, frisa que “cada caso é um caso” e o mais importante é procurar ajuda de médicos para a possível doença e de psicólogos para ajudar na parte da saúde mental.

Sofia Ribeiro considerou que, na altura em que se envolveu com o DJ, tinha “pouco amor próprio” e acabou por utilizar a situação para dar vários conselhos a outras mulheres que se encontrem nas mesmas circunstâncias. Encorajou-as a falar e a não ter medo de sair das “garras” do namorado, recomendando terapias e outros tratamentos.

A influência do humor no aparecimento da fibromialgia

Pode acontecer e não é só com o cancro. José António Pereira da Silva tem 65 anos e é médico e professor catedrático de Reumatologia na Universidade de Coimbra. O profissional, juntamente com uma vasta equipa de investigadores, publicou recentemente um estudo que sugere existir uma relação estreita entre a fibromialgia e a tendência para o stress, ansiedade e depressão.

Esta doença crónica caracteriza-se por uma dor generalizada, que pode aparecer por queixas neuromusculares dolorosas e difusas mas também pela presença de pontos de dor em regiões específicas.

Em entrevista à “Visão”, explicou que “a fibromialgia tem uma relação muito forte com o bem-estar emocional ou a falta dele. Na generalidade, os doentes reconhecem que passam bem pior quando estão mais tensos, angustiados ou tristes e, pelo contrário, sentem francas melhorias em alturas mais felizes e tranquilas de vida”.

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