Nas últimas semanas, ouvimos falar dos agentes virais que estão preocupar as autoridades de saúde. O da gripe sazonal, o da Covid-19 e os da estripe A estão a circular em simultâneo — e a confusão está instalada. São estes vírus os principais responsáveis pelo aumento exponencial da afluência aos serviços de urgência nacionais e um pouco por toda a Europa. E acabaram mesmo por dar nome a um novo conceito, que os especialistas designaram de tripledemia.
A também chamada “tripla pandemia” caracteriza-se pelo aparecimento de muitos casos com estas patologias. “Têm surgido muitos pacientes, cada um com a sua doença, com a exigência de cuidados nos serviços de urgência e internamentos”, começa por explicar à NiT Gustavo Tato Borges, presidente em exercício da Associação Nacional de Médicos de Saúde Pública (ANMSP). Uma informação corroborada por Ana Isabel Pedroso, especialista em Medicina Interna e em Medicina Intensiva: “há uma procura acentuada por atendimento médico profissional devido aos sintomas causados pela circulação de três vírus respiratórios que são muito comuns nesta altura do ano”.
A tripledemia é muitas vezes confundida com a infeção simultânea pelos vírus da gripe sazonal, da Covid-19 e da estripe A. Porém, esses casos, refere Gustavo Tato Borges são “uma coisa muito rara, associada a algum défice imunitário grave”. O que pode acontecer, segundo o médico da ANMSP, é que o paciente tenha ficado infetado com um dos vírus, tenha sido tratado para o mesmo, e mais tarde “voltou a desenvolver uma nova infeção provocada por agente viral diferente”.
Covid-19, gripe sazonal ou gripe A?
Os vírus respiratórios transmitem-se através das gotículas libertadas quando uma pessoa fala, tosse ou espirra, mas também por contacto direto com superfícies contaminadas. E têm várias estripes. “Existem os vírus da gripe A e da gripe B, cuja circulação é muito comum no nosso inverno”, refere o médico. E depois existe a gripe sazonal, que é uma infeção respiratória aguda provocada pelo vírus influenza. Trata-se de uma doença contagiosa que tem o seu pico igualmente durante o inverno, entre os meses de dezembro e março e que afeta sobretudo as vias respiratórias.
A Covid-19 já dispensa apresentações. A grande diferença desta para as restantes doenças que completam a tripla pandemia parece ser a transmissibilidade. Porém, na hora do tratamento as três não inspiram cuidados maiores, nem há a necessidade de perceber qual a estripe associada. “São infeções respiratórias que, de uma maneira geral, seguem o seu curso sem complicações”. Por isso, segundo o médico, o importante é tratar os sintomas. “O que temos de fazer é medicar para as manifestações apresentadas e dar algum conforto ao paciente, esperando os dias necessários para que a doença passe”, refere.
A razão para a circulação livre destes três vírus respiratórios deve-se, segundo o especialista, ao fim de todas as medidas de combate à pandemia e ao regresso “aos comportamentos pré-pandémicos”. Neste momento, devíamos “modular o comportamento para diminuir o risco” frisa Gustavo Tato Borges.
Por esse motivo, o médico aconselha o cumprimento da etiqueta respiratória e que, em caso de sintomas, se evite o contacto com outras pessoas. “Se não for possível, quando estiver na presença de outros deve manter a distância e usar máscara para evitar o contágio”, lembra o especialista.