Saúde

Vacina portuguesa contra a Covid-19 existe, mas está à espera de apoio do Estado

O fundador da empresa que desenvolveu a vacina afirma que sem investimento, os ensaios clínicos necessários não podem avançar.
Apoio é necessário para continuar desenvolvimento.

Portugal tem uma equipa de investigadores a desenvolver uma vacina contra a Covid-19, no entanto, está há seis meses à espera de financiamento estatal. A Immunethep precisa de 20 a 30 milhões de euros para poder avançar com o desenvolvimento.

“A vacina é algo que desenvolvemos para dar resposta à pandemia. A uma escala mundial, os projetos que têm avançado e estão no mercado neste momento, tiveram todos um apoio estatal que lhes permitiu avançar mais rápido do que aquilo que é normal”, afirmou Bruno Santos, cofundador e administrador da empresa sediada em Cantanhede, em entrevista no podcast InnovTalks“Nós desenvolvemos uma vacina que seria de segunda geração, ou seja, a nossa solução funciona independentemente da variante”, indica.

O administrador deu ainda o exemplo da Alemanha “em que o Estado alemão pôs 300 milhões em três empresas de biotecnologia, com tecnologias diferentes: uma delas foi a BioNTech.

Segundo Bruno Santos, “se calhar Portugal não está preparado para este tipo de intervenção” de emergência. “O apoio do Estado ainda não chegou à Immunethep e remetem-nos sempre para o Portugal2020 ou para o PRR [Plano de Recuperação e Resiliência] — são processos longos, que poderão disponibilizar o dinheiro de que precisamos —, mas muito depois da fase em que é necessário.”

“No nosso caso, ainda não tivemos uma injeção de capital que nos permita ganhar velocidade. Até meio do ano [de 2021] terminámos todos os ensaios não clínicos, em animais, que mostram quer a eficácia, quer a segurança da nossa vacina [administrada por inalação]. E, desde essa altura, que estamos a aguardar que seja feito um investimento que nos permita avançar com o resto do projeto, ou seja, fazer os ensaios clínicos em pessoas e chegar com a vacina ao mercado”, argumentou.

Bruno Santos continua confiante de que a empresa de biotecnologia portuguesa vai continuar com o desenvolvimento da sua vacina: “Mas claro que não à velocidade que o poderíamos fazer. Outras empresas, noutros países, que tiveram esse financiamento, já podem estar a vender os seus produtos e nós, se tivéssemos tido um apoio desse género, também poderíamos estar a fazer o mesmo a partir de Portugal”, reafirmou. Ainda assim, a aprovação da nova vacina “depende muito das entidades regulamentares.”

“No pico da pandemia, a urgência das vacinas permitiu uma resposta super rápida das autoridades, com autorizações de emergência e, num ano, foi possível aprovar uma vacina. Neste momento, havendo outros produtos no mercado, não sabemos quanto tempo demorará, poderemos estar a falar de um processo mais demorado do que foi para as outras vacinas”, disse.

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