Em 2021, as vacinas contra a Covid-19 salvaram 20 milhões de vidas, segundo um estudo publicado na passada quinta-feira, 23 de junho, na revista científica “The Lancet”. Basearam-se nas taxas de vacinação, mortes e excessos de mortalidade em 185 países.
A maior parte das mortes evitadas — 12,2 milhões — foram-no nos países com níveis salariais mais elevados, uma vez que foram estes que receberam grande parte das vacinas. Esta realidade preocupa a Organização Mundial de Saúde (OMS), que relaciona este fenómeno com o “insuficiente comprometimento político” para com os países pobres, onde cerca de mil milhões de habitantes ficaram por vacinar.
Em Portugal, a taxa de vacinação está acima dos 90 por cento, sendo um dos países mais bem sucedidos no processo de inoculação. Por outro lado, a percentagem na Argélia não chega sequer aos 20 por cento — e este é um dos países mais desenvolvidos do continente africano.
As complicações causadas pela Covid-19 causaram 6,3 milhões de mortes, apesar da distribuição de 11 mil milhões de doses de vacinas. Sem estas, o número de óbitos poderia ser três vezes maior.
De acordo com o Imperial College de Londres, a instituição responsável pelo estudo, poderiam ter sido evitadas mais 600 mil mortes caso o plano da OMS, que visava inocular 40 por cento da população mundial até ao fim de 2021, tivesse sido cumprido.
“A vacinação contra a Covid-19 alterou substancialmente o curso da pandemia, salvando dezenas de milhões de vidas globalmente. No entanto, o acesso inadequado às vacinas nos países com baixos rendimentos limitou o impacto destes valores, o que reforça a necessidade da equidade na vacinação pelo mundo”, lê-se na publicação. “As nossas conclusões mostram que milhões de vidas teriam sido salvas se as vacinas tivessem ficado disponíveis para todos, independentemente da riqueza de cada paíz”, afirma Oliver Watson, que orientou o estudo.