Contra todas as as expectativas, o vírus Monkeypox — que foi transmitido às pessoas por animais —, contagia outros animais que tenham estado em contacto com humanos infetados. O primeiro caso é de um cão de um casal francês, que partilhava a cama com os donos. Estes estavam infetados com varíola dos macacos e duas semanas depois o animal começou a apresentar também sintomas da doença.
A descoberta foi partilhada pela revista científica “The Lancet”, dia 10 de agosto, que explica que o casal homossexual tinha dado entrada no hospital universitário Pitié-Salpêtrière, em Paris, a 10 de junho de 2022. Ambos apresentavam várias feridas no corpo. “Um dos homens é latino, de 44 anos, e é portador de VIH (vírus da imunodeficiência humana) com cargas virais indetetáveis com antirretrovirais. O segundo homem é caucasiano, de 27 anos, e testou negativo para o VIH. Os homens têm uma relação aberta e vivem na mesma casa”, lê-se no artigo científico.
Além de úlceras e das erupções comuns da patologia, ambos tiveram dores de cabeça, febre e sensação de fraqueza, quatro dias depois do diagnóstico. Duas semanas depois destes sintomas, o cão do casal, que antes nunca tinha apresentado sinais de doença, começou a ganhar umas bolhas que se assemelham às encontradas nos donos. O animal foi submetido a testes e análises em que os resultados comprovaram estar positivo para o vírus da Monkeypox.
Segundo a mesma fonte, o casal admitiu que o cão costuma dormir na cama que partilham. No entanto, depois dos primeiros sintomas, “tiveram o cuidado de evitar que o cão entrasse em contacto com outros animais de estimação ou humanos”.
Rosamund Lewis, líder técnica da OMS para a Monkeypox, explicou, aqui citada pelo Observador, “que não se espera que o vírus se propague mais rapidamente num único cão do que num humano”. Ainda assim, alertou para a necessidade de manter a vigilância, especialmente tendo em conta que o número de contágios pelo vírus Monkeypox em todo o mundo aumentou 20 por cento na última semana, em que foram contabilizados 7.500 novos casos. O total de contágios no mundo desde o início do surto ultrapassa os 35 mil e a doença já provocou 12 mortes.