Rodrigo Coutinho achava que os jogos de tabuleiro eram um aborrecimento — uma longa, sonolenta e interminável sessão de Monopólio. Tudo mudou quando conheceu Mariana Dias, que trazia já “uma enorme bagagem e uma coleção de jogos” bem mais complexos.
O casal de namorados deu por si a passar as noites a jogar. Ao fim de semana, juntavam os amigos para longas sessões. E inevitavelmente, chegaram a um ponto em que o hobby passou a ganhar novos contornos.
Ele é humorista e youtuber. Ela é formada em gestão. Juntos, acharam que tinham os ingredientes necessários para criar um negócio de sucesso — e nasceu assim a 7Vidas, a nova loja online dedicada apenas e só a jogos de tabuleiro.
“Sempre tivemos este hobby. Quando vou de férias levo sempre uma mala sem roupas, apenas cheia de jogos”, diz Coutinho. Já Mariana sempre se recorda de jogar em família e, aos dez anos, ter expandido o conhecimento para lá do Monopólio e do Trivial Pursuit.
“Tinha dez anos quando fiz o primeiro jogo para lá desses clássicos. Creio que foi o Catan. Depois o meu pai descobriu o Ticket to Ride e a coisa continuou”, recorda a jovem que hoje perdeu a conta ao número de jogos que tem na coleção.
A ideia surgiu como forma de investir na paixão e nas competências de ambos. “Sempre quis ter um negócio próprio, para que também o pudesse promover, em vez de andar a promover o negócio dos outros. Lembrámo-nos dos jogos”, explica. “A Mariana fica com o lado do business e eu com a publicidade e juntamos a nossa paixão em cima de uma boa ideia.”
A funcionar desde o início de setembro, a loja conta com uma lista de cerca de 100 jogos, sendo que alguns deles “não estão à venda noutros sítios em Portugal”. E tem também uma seleção para todos os que gostavam de experimentar jogos de tabuleiro originais para lá dos clássicos.
Para Rodrigo Coutinho, os melhores são mesmo os “jogos de bluff”. “Adoro aqueles em que é preciso mentir. Há tensão, há intriga”, nota. Uma das recomendações vai para Avalon, onde cada jogador recebe um papel de vilão ou herói, para depois atingir a meta ocultando os seus verdadeiros objetivos.
“Recomendamos imenso e dá para grupos grandes de cinco a dez jogadores. E mesmo que não se conheçam bem, em pouco tempo já está tudo a discutir. Promove imensa interação.”
Outra das sugestões é o Gato na Caixa, uma espécie de sueca com gatinhos e apostas — e um toque do paradoxo do Gato de Schrödinger. Os gatos estão, aliás, um pouco por todo o lado — são outra das paixões do casal, daí o nome 7Vidas.
Futuramente, gostavam de poder ter uma loja física, mas que fosse muito mais do que isso. “Gostávamos de criar um sítio que fosse loja e bar, onde a malta pudesse ir lá consumir, sentar-se e jogar um jogo em comunidade”, explica Coutinho. Mas por enquanto, a meta mais realista passa pela tradução para português de alguns dos jogos que vendem e que só existem em inglês.
“E quem sabe, um dia podermos lançar um jogo de tabuleiro criado por nós com a marca 7Vidas. Talvez no próximo Natal.”