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O novo jogo para descobrir as ruas verdadeiras e falsas de Lisboa

Só precisa de passear pela cidade e comparar as imagens do livro com a realidade. Há níveis mais e menos difíceis.

Quando tudo estava parado, mais de metade do mundo em casa a tentar conter um vírus invisível, Rúben Pimenta e João Pedro, como tantos outros portugueses, estavam a tentar mudar as suas vidas. Primeiro, criaram um site de entregas ao domicílio com produtos frescos que sentiam faltar nos supermercados — e assim nasceu o Do Campo a Casa. Depois foram adaptando o conceito e acrescentando produtos. Até que surgiu a “grande ideia”.

“No Dia da Mãe lançámos uns ramos de flores que correram muito bem. E começámos depois a pensar no que podíamos oferecer no Dia da Criança”, conta Rúben à NiT.

Foi nessa altura que se deu o click. “Eu e o João fizemos durante muitos anos campos de férias e o João ainda hoje é chefe de escuteiros. Há muitos jogos que fazemos nestes contextos que, além de lúdicos, são super educativos. Por que não trazê-los para o público em geral e metê-los numa caixa?”

Nasceu assim um novo jogo. O “Descobre as Diferenças — Edição Lisboa” é apenas o primeira das edições que gostavam de disponibilizar. “Eu já tinha criado este jogo nos Campos de Férias do Castor e feito duas vezes em dois locais diferentes. Aqui, o que fizemos foi adaptá-lo para a cidade de Lisboa”, explica o empresário.

O próprio Rúben desenhou a caixa, tirou as fotos, alterou-as e montou o site. “Fomos montando o percurso, o João tratou das curiosidades e factos históricos que acompanham cada fotografia e a Margarida (que está a estagiar connosco) deu uma preciosa ajuda com alguns detalhes gráficos e páginas das redes sociais. Contactámos algumas gráficas e pusemos o plano em marcha”, explica.

Os dois amigos produziram o seu primeiro jogo de rua que começa numa caixa — e que embora tenha sido feito a pensar no Dia da Criança, é transversal para todas as idades. “O jogo é para mais de sete anos e é sobretudo um convite a fazer um passeio pela zona histórica de Lisboa aprendendo mais sobre a nossa capital”, acrescentam.

Só tem de descobrir as diferenças.

O desafio assenta num conceito simples: descobrir as diferenças entre 10 imagens alteradas e a realidade. Mas para as identificar, tem de ir até ao local. O jogo pretende assim ser também um convite a “levantar do sofá” e partir à descoberta ou re-descoberta de uma Lisboa sem turistas.

No desconfinamento progressivo, o objetivo é, ainda, aproveitar “o privilégio de termos a cidade de volta só para quem visita os miradouros, praças e monumentos, sem a enchente de turistas típica da época”. E pretende ser “um tributo aos Santos Populares que estão prestes a chegar e onde, neste caso, não será muito difícil encontrar de caras as diferenças”.

Para jogar existem três modalidades onde o denominador comum é sempre o mesmo: pegar nas 10 fotografias alteradas digitalmente que a caixa contém e encontrar as diferenças entre as imagens e a realidade.

O primeiro é o Estilo Percurso — as imagens estão numeradas. Basta começar no 1 e seguir até ao 10: as moradas onde as fotografias foram tiradas estão no verso dos cartão, bem como um QR code que quando é lido abre diretamente a aplicação do Google Maps com a morada de cada fotografia.

O segundo é o Estilo Livre — modalidade um pouco mais difícil porque desafia quem joga a não olhar para o verso das fotografias e tentar encontrar por si os locais que as imagens representam.

Finalmente, a Competição — aqui cada equipa pode comprar várias caixas e seguir o percurso. Ganha a equipa que chegar em primeiro lugar ao fim com o maior número de diferenças certas. Jogando com apenas uma caixa são permitidas duas equipas, cada uma fica com cinco imagens e um máximo de seis participantes por caixa.

Se tiver dúvidas, na página da Batota do site é possível encontrar as soluções comparando as imagens originais com as alteradas. O jogo está à venda em algumas papelarias e livrarias da cidade de Lisboa, bem como no site e custa 10,90€.

Rúben e o João Pedro estudaram e conheceram-se na Faculdade de Economia e Gestão da Universidade Nova de Lisboa (NOVA SBE). Até agora, tinham-se dedicado sobretudo à gestão de apartamentos de curta duração como principal atividade — “o que nesta altura está, como podem imaginar, muito complicado”, segundo Rúben.

O Descobre as Diferenças foi então uma forma de se reinventarem; e de sugerir aos lisboetas que re-descubram uma cidade sem turistas. A mesma ausência de turistas que, por ironia do destino, deu origem a esta ideia.

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