Vasco Alves recorda-se de ouvir várias histórias sobre o Ondaparque quando era miúdo. “Os meus pais diziam que era muito giro e que na altura não havia nenhum igual”, conta à NiT. Mas à medida que o tempo foi passando, as memórias da família foram desparecendo.
Natural de Cascais, o jovem de 23 anos dedica-se ao urbex, ou seja, a exploração de locais abandonados. Há cerca de um mês, recebeu uma mensagem de um seguidor no Instagram a sugerir que visitasse o Ondaparque.
O espaço abriu a 1 de maio de 1988 na Trafaria, em Almada, mas acabou por ser encerrado oito anos mais tarde. Entre os principais motivos que levaram ao declínio está a tragédia do Aquaparque do Restelo, em Lisboa, em 1993, onde morreram dois miúdos afogados.
Cristina Caldas e Frederico Duarte, ambos com nove anos, perderam a vida após terem ficado presos em duas tubagens diferentes, que tinham apenas 27 centímetros de diâmetro. A tragédia levou à criação de novas leis para os parques aquáticos em todo o País, exigindo melhorias nas suas instalações. No entanto, muitos deles não conseguiam, alegadamente, suportar os custos dessas modificações e acabaram por fechar.
“Pelo que li, o Ondaparque não passou nas fiscalizações, teve problemas financeiros e falta de investimentos”, aponta Vasco.
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Antes de ir até ao parque, o videomaker assistiu a vários vídeos antigos que mostravam o Ondaparque no seu auge. Quando lá chegou, encontrou um cenário completamente diferente. “Estava tudo abandonado e em decadência. Era brutal porque parámos em frente aos escorregas e imaginámos como aquilo era antigamente”.
No final da década de 80, este parque era o único do género no País, com um avançado sistema de renovação de águas, vastas áreas de lazer e atracões apenas conhecidas nos parques aquáticos internacionais, como a Piscina dos Cogumelos, do Caramelo, a Slide Wall e as Pistas Fofas.
Além disso, contava com 14 hectares de área útil, o que lhe vau o título de maior parque de Portugal. No seu auge, durante os anos 90, chegava a receber cinco mil visitantes por dia.
Depois do encerramento e com o objetivo de aproveitar a imensidão do terreno, houve vários projetos pensados para aquela zona, como um festival de música e até a requalificação do próprio parque. Mas nenhum chegou a concretizar-se.
Durante a visita em maio, Vasco deparou-se com vários escorregas desmontados e conseguiu ainda explorar a zona do antigo restaurante. “Vi umas máquinas automáticas de comida e de snacks. Havia também umas latas muito antigas de Coca-cola. Na parte da bilheteira, até encontrei alguns tickets.”
Entrar naquele espaço abandonado foi uma pequena aventura. A única entrada estava “cheia de silvas”, por isso o criador de conteúdos teve de passar pelas plantas para conseguir ter acesso ao Ondaparque.
“Quando cheguei a casa e mostrei as fotografias e os vídeos aos meus pais, foi uma nostalgia para eles”, confessa. “Falei muito com a minha mãe e com a minha tia que iam lá quando eram crianças.”
Carregue na galeria para ver algumas fotografias da visita de Vasco Alves ao Ondaparque.