Nos últimos meses de 2019, quando fez as suas previsões para o mundo em 2020, Marian Salzman pensou em várias coisas que podiam correr mal. Entre eleições nos Estados Unidos, Brexit e alterações ambientais, já havia razões suficientes para que fosse um período exigente.
Porém, agora, a especialista em Comunicação e RP, trends spotter e vice-presidente sénior de Comunicação da Philip Morris International, afirma que a pandemia de Covid-19 alterou e questionou as nossas vidas de uma forma tão intensa, que provavelmente deixará marcas durante muitos anos. No seu mais recente relatório de tendências para 2021, “Zoomsday Predictions“, Salzman explora 11 coisas que prometem influenciar as nossas escolhas de vida e comportamentos à medida que progredimos para o que acabará por se tornar nosso próximo normal.
Saindo da “grande pausa” que foi esta pandemia, há coisas que vão mudar para melhor ou pior. No fundo, a resiliência e a adaptação vão estar na ordem do dia (mas também do ano). Ampliar as nossas comunidades locais, misturar noções de tempo e espaço, voltar a pensar em “nós” em vez de em “mim”, dar prioridade às pequenas coisas do dia a dia ou fazer as pazes com a incerteza são algumas das tendências apontadas pela especialista neste relatório.
A NiT esteve na Webinar preparada por Salzman para apresentar pela primeira vez ao mundo este relatório. Foi durante esta conferência, a 30 de novembro, que a trends spotter falou, por exemplo, da forma como as empresas vão mudar depois destes confinamentos obrigatórios pelo mundo. O tempo e o espaço tornaram-se difíceis de distinguir, com milhões de pessoas em casa em teletrabalho, a ajudar os filhos nas aulas online e ainda a fazer jantares via Zoom com os amigos que não vêem há meses.
Perante esta situação, a especialista explica que em 2021 será mais fácil para todos nós conjugarmos a vida pessoal e profissional. Afinal, as grandes empresas já estão mesmo a perceber que os seus trabalhadores são mais criativos e produtivos durante as horas em que não é suposto estarem a trabalhar e que as habituais oito horas de trabalho durante cinco dias por semana vão acabar. Há cada vez mais casos de sucesso de empresas que optam por semanas de trabalho de apenas quatro dias.
“Já estamos a ver uma discussão mais séria sobre esta abordagem, incluindo os seus benefícios para as pessoas e o planeta. A experiência da Microsoft no Japão, com uma semana de trabalho de quatro dias no início deste ano, resultou num aumento de 40 por cento na produtividade dos trabalhadores. Outras empresas como a Shake Shack já estão mesmo a considerar adotar uma semana de trabalho mais curta, criando planos inteligentes para dar ao trabalhador melhores condições para fazerem o seu trabalho”, explica Marian.
Em 2021 também vamos dar prioridade àquilo que achávamos que não estava a correr bem nas nossas vidas em 2020 — seja a nível pessoal ou profissional. Vamos querer focar-nos no que é essencial na vida e nas pessoas que mais gostamos. Será importante criar uma comunidade, estar próximo das pessoas e reavaliar diariamente as nossas escolhas.
“À medida que as restrições de distanciamento social continuam (autoimpostas ou não), de repente vemo-nos desesperados para ficar juntos — mesmo enquanto nos adaptamos rapidamente à vida separados. Muitos estão a perceber quem são os seus grupos sociais, aproximando-se de pessoas que não via há anos, enquanto se afastam de amigos e conhecidos que costumavam ver todos os dias”, afirma.
A 11.ª e última tendência apontada por Marian Salzman é a aceitação da incerteza. Depois de um ano recheado de perguntas sem resposta, de nos sentirmos incapazes de controlar a nossa vida, é preciso perceber que a incerteza deve ser aceite como uma das possibilidades mais comuns da vida humana. Ainda assim, a especialista fala em medidas que podem ser usadas para minimizar estas mudanças: poupança, investimento pensado e, claro, proteção dos bens.
