Na cidade

Turistas pagam centenas de euros por viagens em TVDE não registados

Um cliente pagou 400€ por um percurso de três quilómetros, do Aeroporto de Lisboa ao Oriente. Os casos têm disparado.
Foram feitas várias simulações.

Num setor com mais de 60 mil motoristas registados, as queixas que apontam ilegalidades continuam a disparar. Só nos últimos 12 meses, a PSP registou mais de 1600 atos de contraordenação contra indivíduos que se fazem passar por condutores de TVDE ou táxi, revela uma investigação do programa “Exclusivo”, na CNN Portugal.

Junto ao aeroporto de Lisboa, os turistas, acabados de chegar à capital são logo abordados por pessoas a deambular pelo átrio. Muitos suspeitam que seja um caso de burla e recusam o serviço, outros aceitam entrar num carro que não está identificado com o dístico obrigatório.

“O Uber não está a funcionar. Precisa de táxi? É um táxi particular”, ouve-se na reportagem. No final, o valor da viagem é altamente inflacionado, os alegados motoristas não passam recibos ao cliente e também não aceitam pagamento por multibanco.

Numa simulação feita, um turista foi cobrado 400 euros por uma viagem do Aeroporto ao Oriente. No entanto, os dois pontos estão apenas a três quilómetros de distância — um percurso que, mesmo com as festividades, não ultrapassa os 10€.

Outro dos casos retrata uma deslocação do Aeroporto do Porto à Avenida dos Aliados, que normalmente não ultrapassa os 15€. Nas imagens captadas pela investigação, o alegado motorista cobrou cerca de 92€.

Os estrangeiros são as principais vítimas destes esquemas. E, apesar da fiscalização feita pelas autoridades, o número de casos continua a aumentar. Apenas táxis ou carros TVDE licenciados podem angariar passageiros de forma legal nos aeroportos — e os criminosos não estão sequer registados nas plataformas oficiais das operadoras de transportes.

Os carros que vê com o dístico TVDE têm a ver com a chamada “Lei Uber”, que trouxe requisitos aos veículos que transportam passageiros e que concorrem com os serviços de táxi. Os motoristas de plataformas como a Uber, Bolt ou Cabify têm, por exemplo, de completar um curso de formação obrigatório, de um mínimo de 50 horas.

A sigla significa “Transportes de Passageiros em Viaturas Ligeiras Descaracterizados”. A identificação deve ser colocada “de forma amovível e visível, no lado direito do vidro da frente e no lado esquerdo do vidro da retaguarda, sem prejudicar a visibilidade do condutor”, diz a lei.

No caso dos táxis, a melhor forma de apontar um caso de burla é a ausência do taxímetro obrigatório. Se o serviço não tiver o aparelho de medida, trata-se de uma armadilha. Antes de aceitar a boleia, é aconselhado que tente ainda acordar o valor no início da viagem.

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