Há quem diga que “Leiria não existe”, uma piada inocente que se tornou viral nas redes sociais, mas é impossível negar que o distrito tem muito para oferecer. Além da enorme riqueza histórica do município, com os seus castelos e outros monumentos, Leiria está situada entre a serra e o mar, e por lá encontram-se também grutas, salinas, lagoas e belas praias fluviais.
Durante o inverno, as Grutas da Moeda são um “destino mágico” a visitar na região, uma vez que é nesta época do ano que a água desce até à caverna. Ali é possível observar o “verdadeiro poder da natureza”, descreve a página do Instagram do monumento natural.
Apesar do seu nome peculiar, a caverna a 45 metros de profundidade, não esconde tesouro algum. “Cada detalhe é uma obra-prima esculpida pelo tempo. Formada gota a gota, ao longo de milhares de anos pela ação paciente da água, é uma aventura sensorial”, sublinham.
Localizadas em São Mamede, no concelho da Batalha, as grutas foram descobertas acidentalmente em 1971, quando dois caçadores seguiam uma raposa. O animal escondeu-se num algar no meio da floresta, mas os homens, movidos pela curiosidade, acabaram por encontrar as impressionantes salas e galerias repletas de formações calcárias.
Após meses de exploração, os caçadores descobriram várias galerias de interesse científico e turístico, que hoje fazem parte do percurso visitável. Posteriormente, uma equipa de geólogos e espeleólogos também investigou a caverna, que acreditam ter origem no período Jurássico médio. As Grutas da Moeda resultam de processos de erosão e corrosão e são formadas predominantemente por calcário, com cristalizações.
Além do acaso da sua descoberta, estas grutas também estão envoltas numa lenda que explica a origem do seu nome. A história conta que um homem abastado que habitava nas redondezas foi assaltado por um grupo de ladrões enquanto atravessava o bosque. Com a confusão, caiu dentro do algar com a bolsa de moedas que levava à cintura e conseguiu proteger dos malfeitores. As moedas acabaram por se espalhar pelo precipício, dando origem ao nome do lugar.
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Após três anos de muito trabalho e pesquisa, as Grutas da Moeda abriram ao público em 1974, com uma extensão visitável de 350 metros e uma temperatura constante em torno dos 18 graus durante todo o ano.
As salas e galerias receberam nomes que sugerem diferentes imagens, como o Lago da Felicidade, a Sala do Presépio, a Cúpula Vermelha, a Capela Imperfeita ou a Fonte das Lágrimas. Há também uma sala conhecida como Bolo de Noiva devido à semelhança das estalactites e estalagmites com este doce.
Em algumas galerias os tetos estão repletos de estalactites pontiagudas, conhecidas como spaghetti; noutras, destacam-se as figuras em forma de couve-flor, que parecem resultar dos salpicos da água que cai do teto. Durante o outono e inverno, a água infiltra-se facilmente na gruta, criando pequenas lagoas e riachos.
O Centro de Interpretação Científico-Ambiental das Grutas da Moeda, onde os visitantes podem encontrar respostas a diversas questões relacionadas com as ciências da Terra, foi inaugurado em 2009.
O espaço disponibiliza equipamentos e exposições que ajudam a entender os fenómenos geológicos e ambientais da região. Além disso, é possível observar a arte de trabalhar o calcário, tanto em formas artesanais como industriais, e visitar um museu de fósseis e minerais. Há também uma cafetaria e um ponto de venda de artesanato e produtos regionais.
As visitas guiadas às grutas têm uma duração aproximada de 1h30, e os bilhetes custam 9€ por pessoa. Os miúdos entre os 5 e os 12 anos pagam 5€. O preço inclui a visita às diversas salas, a entrada no centro de interpretação e a degustação de um licor exclusivo e de um bolo regional. Todas as informações sobre o roteiro podem ser consultadas online.
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